segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O BATISMO DE CRIANÇAS SEGUNDO À BIBLIA E TRADIÇÃO CATÓLICA

 

INTRODUÇÃO
Muitos estão a se perguntar: É correto o batismo de criança?
O batismo de crianças é uma prática antiga da Igreja, que foi instituída pelos apóstolos. Desta vez eu quero estudar a evidência que nos foram deixados pela Igreja ao longo da história em favor deste sacramento, no qual fomos sepultados com Cristo na sua morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. Vou tentar também tratar brevemente quais têm sido ao longo dos séculos as heresias que tem colocado obstáculos contra o fato das crianças serem regeneradas no nascimento da água e do espírito.

O BATISMO DE CRIANÇAS NOS PADRES DA IGREJA NOS SÉCULOS I A IV
Nos primeiros quatro séculos da era cristã, é completa a unanimidade a respeito (Tertuliano sendo praticamente a única exceção). Há inúmeros relatos de pais da igreja que falam sobre a importância do batismo infantil. Havia, claro, quem optava por rejeitá-lo, mas por razões imorais, para não abandonar a vida pecaminosa e obter o perdão dos pecados apenas na hora da morte (muito tolo porque ninguém sabe quando vai morrer ou se vai ter a oportunidade de ser batizado), ou até mesmo se livrar das penitências que fariam se eles caíssem em pecado depois do batismo.

IRENEU DE LYON (130 - 202 D.C)
Ecoa a fé da Igreja primitiva, que professava que todo homem nasce na carne e, portanto, deve nascer da água e do espírito, o qual inequivocamente interpretava como o batismo, com o qual se obtinha também a remissão dos pecados.
Não foi por nada que Naamã de idade, sofrendo de lepra, foi purificada por ser batizada, mas para dizer-nos que, como leprosos no pecado, somos purificados por meio da água sagrada e a invocação do Senhor, de nossas transgressões, sendoespiritualmente regenerados como os bebês recém-nascidos, quando o Senhor disse: ‘Se alguém não nascer de novo da água e do Espírito, não entrará no reino dos céus.”[1]
Ao longo dos escritos deste e de outros pais se verá como em nenhum momento restringem a graça e dons de Deus para alguém, se as crianças, adolescentes ou adultos. No texto a seguir, embora não seja uma referência explícita ao batismo de crianças, nós encontrarmos a crença de que Deus pode derramar a sua graça e santificar todos, independentemente, se tem idade para acreditar ou não (rejeitando mais de um milênio antes os argumentos utilizados pelos anabatistas).
Porque Ele veio para salvar a todos: digo a todos, ou seja, todos aqueles renasceram a Deus sejam eles bebêscrianças, adolescentes, jovens ou adultos. Então, quis passar por todas as idades: fez-se bebê como os bebês para santificar os bebês; criança como as crianças, a fim de santificar aos de sua idade, dando-lhes um exemplo de piedade, e sendo para eles modelo de justiça e obediência; se fez jovem como os jovens, para dar aos jovens, exemplo, e santificá-los para o Senhor.” [2]


ORÍGENES  DE ALEXANDRIA (185 - 254 D.C.)
O Testemunho de Orígenes é crucial, não só porque, como outros pais, explica por que é necessário batizar as crianças, mas por seu testemunho explícito de que esta era uma prática que a Igreja recebeu diretamente dos apóstolos. Orígenes confirmaram previamente com sua caneta o que a arqueologia comprovaria ao encontrar provas do batismo de crianças pela Igreja primitiva.
A Igreja recebeu dos Apóstolos o costume de administrar o batismo até mesmo para crianças. Pois aqueles a quem foram confiados os segredos dos mistérios divinos sabiam muito bem que todos carregam a mancha do pecado original, que deve ser lavada com água e o espírito.” [3]
Se as crianças são batizadas “para a remissão dos pecados” cabe uma pergunta: de que pecados se tratam? Quando eles poderiam pecar? Como podemos aceitar tal testemunho para o batismo de crianças, a menos que se admita que ‘ninguém está sem pecado, mesmo quando sua vida na terra não tenha durado mais que um dia’?. As manchas do nascimento são removidas pelo mistério do batismo. Se batiza crianças porque ‘se alguém não nascer da água e do espírito, é impossível entrar no reino dos céus.’” [4]
Havia muitos leprosos em Israel nos dias do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o sírio, que pertencia ao povo de Israel. Considere o grande número de leprosos que tinha até então ‘em Israel segundo a carne’. Veja, por outro lado, a espiritual Eliseu, nosso Senhor e Salvador, que purifica no mistério do batismo os homens cobertos pelas manchas da lepra e dirige-lhe estas palavras: ‘Levanta-te, vai ao Jordão, e a tua carne ficará limpa’. Naamã se levantou, foi tomar banho e cumpriu o mistério do batismo, ‘sua carne ficou como a carne de uma criança.’ Que criança? Daquele que ‘no banho de regeneração’ nasce em Cristo Jesus.” [5]
Se você gosta de ouvir o que os outros santos disseram sobre o nascimento físico, ouça Davi, quando ele diz: ‘Eu fui formado, assim diz o texto, em maldade, e minha mãe me concebeu no pecado’; mostra que toda alma que nasce em carne carrega a mancha da iniquidade e do pecado. É por isso que esta frase citada acima: Ninguém está livre de pecado, nem mesmo a criança que tem apenas um dia. Tudo isso pode ser adicionado a consideração da razão sobre o motivo que tem a Igreja para o costume de batizar crianças, pois este sacramento da Igreja seja para a remissão dos pecados. Certamente, se não houvesse crianças em necessidade de remissão e perdão, a graça do batismo pareceria desnecessária.” [6]

HIPÓLITO DE ROMA (? - 235 D.C.)
Um testemunho de singular importância, temos graças à Tradição Apostólica, que é uma das constituições eclesiásticas mais antigas e importantes da antiguidade (foi escrito por volta do ano 215). Nela encontramos instruções específicas sobre a administração do batismo, onde consta a prática de batizar crianças e como em virtude da fé dos pais poderiam ser batizados.
“Ao cantar do galo, se se começará a rezar sobre a água. Far-se-á assim a não ser que exista uma necessidade. Mas se houver necessidade permanente e urgente, se utilizará a água que se encontre. Desvestir-se-ão, e si batizarão as crianças em primeiro lugar. Todos os que puderem falar por si mesmos, falarão. Enquanto aos que não podem, seus pais falarão por eles ou alguém de sua família. Se batizará em seguida os homens e finalmente as mulheres...
O Bispo impor as mãos dirá a invocação: “Senhor Deus, que os fizeste dignos de obter a remissão dos pecados pela lavagem da regeneração, tornai-os dignos de receber o Espírito Santo e enviar-lhes a tua graça, para que te sirvam seguindo a tua vontade; a ti a glória, Pai, filho e Espírito Santo na Santa Igreja, agora e por todos os séculos, Amém.” [7]

CIPRIANO DE CARTAGO (200 - 258 D.C.)
Tem-se a evidência de que durante a sua vida advertiu quem não batizava as crianças até o oitavo dia depois do nascimento, em semelhança a circuncisão, então se fez necessário que Cipriano, em seu nome e de 66 bispos, enviasse uma carta a Fido testemunhando a fé da Igreja a cerca de que o batismo das crianças não poderia ser atrasado e que elas poderiam ser batizadas a qualquer momento. A carta completa está disponível na WEB no Volume V do Ante-Nicene Fathers de Philip Schaff (protestante)  bem como na New Advent Encyclopedia.[8]
Porém em relação com o caso das crianças, na qual disse que não devem ser batizados no segundo diz ou terceiro dia depois do nascimento, e que a antiga lei da circuncisão deve ser considerada, pela qual pensa que alguém que de nascer não deve ser batizado e santificado dentro de 8 dias, todos nos pensamos de uma maneira muito diferente em nosso concílio. Por que neste curso que pensas tomar, nada está de acordo, se não que todos julgamos que a misericórdia e graça de Deus não devem ser negada a nenhum nascido do homem. Por que como disse o senhor em seu evangelho: “o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homensmas para salvá-las.” Na medida em que possamos, devemos depois procurar que se possível, que nenhuma alma se perca...
Por outro lado, a fé nas escrituras divinas nos declaram que todos, sejam crianças ou maiores, temos a mesma igualdade nos dons divinos...
A razão pela qual cremos que ninguém deve ser impedido de obter a graça da lei, por que na lei que foi ordenada, e a circuncisão espiritual não deve ser impedida pela circuncisão carnal, senão que absolutamente todos os homens tem que ser admitidos à graça de Cristo., já que também Pedro nos Atos dos Apóstolos fala e diz: “Deus me mostrou que eu não deveria ligar para qualquer homem comum ou imundo.”. Mas se nada poderia impedir a obtenção da graça aos homens, e o mais atroz de todos os pecados não pode por obstáculos aos que são maiores. Mas se até aos que são os maiores pecadores, e os que haviam pecado contra Deus, quando creem, lhes é concedido a remissão dos pecados e nada se vê impedindo o batismo e a graça, deveríamos impedir um bebê? Que sendo recém nascido, não há pecado, salvo, que nascido da carne de Adão, contraiu o contágio da morte antiga em seus nascimento?...
E, portanto, querido irmão, esta foi nossa opinião no concílio, que por nós, nada deve impedir o batismo e a graça de Deus, que é misericordioso, amável e carinhoso para com todos. Que, posto que é observado e mantido em respeito a tudo, nos parece que se deve respeitar em todos os casos inclusive nos das crianças...” [9]
É importante notar aqui que Fido e possivelmente os outros presbíteros, pretendiam fazer não era negar o batismo as crianças, tal como as seitas protestantes fazem hoje, e sim simplesmente atrasá-lo até o 8 dia de nascido.


GREGORIO DE NAZIANZO (329 – 390 D.C.)
Gregório escreveu um belo sermão sobre o batismo onde testemunha a fé da Igreja primitiva no qual vem que para o adulto é necessária a fé para receber o sacramento, mas não é assim para as crianças (que recebem em virtude da fé dos pais), portanto não há motivo algum para atrasar o batismo, nem mesmo no caso das crianças.
“11. Vamos batizar para vencer. Tomemos nossa parte nessas, mais detergentes que hissopo, mais puras que o sangue das vítimas impostas pela lei, mais sagradas que as cinzas de uma novilha, cuja a aspersão podia ser suficientes para dar as faltas comuns uma provisória purificação corporal, mas não uma completa remissão do pecado: Havia sido necessário, sem ele, renovar a purificação daqueles que a haviam recebido uma vez?
Vamos batizar hoje, para não estar obrigado a fazê-lo amanha. Não retardemos o benefício como se não ocasionasse algum problema. Não esperamos haver pecado mais para ser, mediante ele, perdoados em maior medida. Isso seria fazer uma indigna especulação comercial a propósito de Cristo. Tomar uma carga maior da qual podemos levar é correr o risco de perder em um naufrágio, navio, corpo e bebês, ou seja todo o fruto da graça do Senhor que não se sabe aproveitar[...]
17. Incluindo as crianças: não dê tempo para a malícia apoderar-se deles, santificai-os quando todavia são inocentes, consagrai-os ao Espírito quando todavia não tenham nascido os dentes. Que falta de coragem e que falta de fé a das mães que temem o caráter batismal pela debilidade de sua natureza. Antes de havê-lo trazido ao mundo, Ana dedicou Samuel a Deus, e, imediatamente depois de seus nascimento, o consagrou; desde então, o levou vestido com uma hábito sacerdotal sem nenhum temor dos homens, por causa da sua confiança em Deus.
Não há necessidade, então, de amuletos nem encantamentos, meios do que servem ao maligno para insinuar-se nos espíritos fracos e trazer em seu beneficio o temor religioso a Deus: põem contra a trindade um grande e belo talismã.” [10]
Recomenta como uma opinião pessoal que se não estão em perigo de morrer, esperem até os 3 anos até que possam recitar os mistérios da fé, algo que não é necessário para receber o batismo:
“26. Todo isto está bem dito para aqueles que solicitam por si mesmo o batismo, mas o que podemos dizer das crianças, todavia de pouca idade, que são incapazes de dar-se conta do perigo que estão e da graça do sacramento? Eles são batizados também?
Certamente, no caso de perigo imediato é melhor batiza-los sem seu conhecimento do que deixa-los morrer sem haver recebido o selo da iniciação. Estamos obrigados a dizer o mesmo a respeito da prática da circuncisão, que se realizava no oitavo dia prefigurando o batismo e que também se fazia sobre as crianças desprovidas de razão. Da mesma maneira se realizava a unção sobre as soleiras das portas e que, se tratando de coisas inanimadas, protegia aos primogênitos.
E a respeito das demais crianças? Está aqui minha opinião: Esperem que cheguem a idade de 3 anos, de modo que sejam capazes de compreender e expressar brevemente os mistérios; apesar da imperfeição de sua inteligência recebem o sinal, e seu corpo, o mesmo que sua alma, se encontram santificados pelo grande sacramento da iniciação. Eles devem prestar contas de seus atos no momento preciso em que, em plena possessão da razão, cheguem ao conhecimento completo do Mistério, pois não serão responsáveis das faltas que chegaram a cometer pela ignorância própria de sua idade. Pois, de todos os modos resulta vantajoso possuir a muralha do batismo para proteger-se dos perigosos ataques que caem sobre nós e superam nossas forças.
27. Mas, se dirá, Cristo, que é Deus, se fez batizar aos trinta ano e tu nos empurras a adiantar o batismo. Afirmar desse modo a sua divindade, é o que resolve a objeção. Ele, a própria pureza, não necessitava de purificação, mas se fez purificar por vocês como por vocês se fez carne, pois Deus não tem corpo. Também, ele não corria nenhum perigo para retardar seu batismo, pois podia regular a sua vontade seu sofrimento como havia regulado seu nascimento. Para nós, pelo contrário, não seria pequeno o perigo, no caso de abandonar o mundo sem haver recebido, a vosso nascimento, mais uma vida perecerá, sem estar revestida da incorruptibilidade.” [11]

JOÃO CRISÓSTOMO (347 - 407 D.C.)
“Deus seja louvado! Ele, que produz tais maravilhas. Vê quão grande é a graça do batismo? Alguns só veem nela a remissão dos pecados, enquanto que nós podemos alinhar dons de honra. Por esta razão batizamos também as crianças de pouca idade, quando, todavia ainda não começaram a pecar, para que recebam a santidade, a justiça, a filiação, a herança, a fraternidade de Cristo, para que se convertam nos membros e moradas do Espírito Santo.” [12]

BASÍLIO O GRANDE (330 - 379 D.C.)
“Há um tempo conveniente para cada coisa: um tempo para o sono, outro para a vigília, um tempo para a guerra e um tempo para a paz. No entanto, o tempo do batismo absorve toda a vida do homem. Se não é possível ao corpo viver sem respirar, muito menos o será para a alma subsistir sem conhecer ao seu criador.
A ignorância de deus é a morte da alma. Aquele não foi batizado tampouco foi iluminado. Assim como sem luz, a vista não pode examinar aquilo que lhe interessa, do mesmo modo, a alma não pode comtemplar a Deus. Ademais, todo tempo é favorável para chegar a salvação por meio do batismo, já se trata do dia ou da noite, de uma hora ou de um menor espaço de tempo, por mais breve que seja. Certamente, a data que se aproxima, é, em maior extensão, a mais adequada. Que época poderia ser, em efeito, mais adequada para o batismo do que o dia da páscoa? Pois esse dia se comemora a ressurreição, e o batismo é uma fonte de energia para chegar a salvação.
Por esta razão, a Igreja convoca desde a muito tempo seus “filhos de peito”, em uma sublime proclamação, a fim de que eles a quem ela deu a luz sem dor, colocando os no mundo depois de havê-los alimentado com o leite do ensinamento e da catequese, para que degustem o alimento sólido de seus dogmas.” [13]
O PELAGIANISMO, PRIMEIRA HERESIA A REJEITAR O BATISMO DAS CRIANÇAS.
Mas foi no século V, onde apareceu a primeira heresia a negar a necessidade do batismo, incluindo o batismo infantil; seu autor foi Pelágio, um monge influenciado por doutrinas pagãs (especialmente do estoicismo). Minimizou a eficácia da graça e acreditava que a vontade, com o seu livre arbítrio, poderia alcançar a santidade sozinho. Para os pelagianos não havia pecado original, pensavam que Adão não foi criado imortal, por isso que morreu, mas não tinha pecado, e que as crianças estão no mesmo estado de Adão antes de sua queda, sem contrair qualquer pecado original. Ao negar o pecado original, consequentemente, viu o batismo de crianças como desnecessário.
Depois de se tornar um monge Pelágio viaja a Roma antes do ano 400. Depois de Roma ser conquistada e saqueada pelos godos parte para Cartago e depois para Jerusalém  acompanhado de Celestius, outro partidário do Pelagianismo que o ajuda, de forma eficiente, a propagar suas doutrinas.
Dezoito bispos, incluindo Juliano de Eclana aderiu ao Pelagianismo, enquanto Santo Agostinho tenazmente combatia a heresia. Os bispos Pelagianos são privados de suas sés e são condenados pelos concílios africanos de Cartago e Milevis (anos 411, 412 e 416) que sentenciam:
“Igualmente satisfeito que quem quer negue que os recém-nascidos do seio de suas mães, não são para ser batizados, não ou dizem que na verdade são batizados para a remissão dos pecados, mas que do pecado original de Adão nada trazemos seja necessário expiar na lavagem de regeneração; de onde consequentemente seguem entre eles a fórmula do batismo “para a remissão dos pecados”, é para ser entendido que não é verdade, mas falsa, seja anátema. Porque o que diz o Apóstolo: Por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, e assim passou a todos os homens, porque todos pecaram [ Cf. Rom. 5, 12], não há outro modo de se entender, do que como sempre entendeu a Igreja Católica espalhada por todo o mundo. Por que para esta regra de fé, até mesmo as crianças que ainda não podem cometer qualquer pecado de si mesmas, são verdadeiramente batizadas para a remissão dos pecados, de modo que pela regeneração eles são limpos pela geração contraída.”[14]
No entanto, os pelagianos se recusaram a se submeter-se aos concílios. Os concílios escrevem ao Papa para aprovar as decisões desses concílios locais, o que faz o Papa Inocêncio I. Santo Agostinho com a sentença da Sé Apostólica (Roma) dá o caso encerrado, no entanto, após a morte do Papa Inocêncio, Celestius ante o papa Zózimo faz uma confissão de fé que quase o confundi-o, mas este confirma os julgamentos de seu antecessor. Posteriormente, o concílio de Éfeso em 431, novamente condenou o pelagianismo tentando se espalhar agora na Inglaterra.

AGOSTINHO DE HIPONA (354 – 430 D.C.)
Graças à sua dura luta contra o pelagianismo são abundantes os textos onde explora a necessidade de batizar bebês para purificá-los do pecado original.
O batismo das crianças pelos pais Cristãos.
Por causa desta concupiscência, nem mesmo de um matrimónio justo e legítimo de filhos de Deus, podem nascer filhos de Deus. Porque os que geram, mesmo que tenham sido regenerados, não geram filhos de Deus, se não filhos do mundo. Na verdade isto é o julgamento do Senhor. Os filhos deste mundo geram e são gerados. Como ainda somos filhos deste mundo nossa natureza interna esta corrompida. Por esta razão eles são filhos nascidos deste mundo, e não serão filhos de Deus antes de serem regenerados. Mas como somos filhos de Deus, o homem interior se renova dia a dia, e o homem exterior, pelo banho de regeneração, é santificado e recebe a esperança da incorruptibilidade futura, por esta razão somos chamados templo de Deus.[15]
Qualquer um que negar que as crianças são arrancadas, ao serem batizadas, deste poder das trevas, das quais o diabo é o príncipe, isto é, do poder do diabo e seus anjos, é refutado pela verdade dos sacramentos da igreja. Nenhuma novidade herética pode alterar qualquer coisa na igreja de Cristo, eis que a cabeça dirige e ajuda a todo o corpo, tanto dos pequenos como dos grandes.” [16]
Com efeito, desde que foi instituída a circuncisão, dentre o povo de Deus, que era então o sinal da justificação pela fé, tinha valor para significar a purificação do pecado original antigo também para as crianças, pelo mesmo motivo que o batismo começou a ter um valor também para a renovação do homem desde o momento que foi instituído. Não que antes da circuncisão não houvesse justiça alguma pela fé, por que o mesmo Abraão, pai das nações que haviam de seguir sua mesma fé, foi justificado pela fé quando todavia era incircunciso, sinal que o sacramento da justificação pela fé estava oculto de todos nos tempos mais antigos. No entanto, a mesma fé no mediador salvava aos antigos justos, pequenos e grandes.” [17]

A REFORMA PROTESTANTE E O MOVIMENTO ANABATISTA

Seria apenas séculos depois, não mais pelos pelagianos mas por um movimento totalmente diferente, surgido em Zurique em torno da Reforma Protestante promovida pelo reformador Ulrico Zwínglio, que se levantaria oposição ao batismo das crianças. Os partidários deste movimento foram chamados “anabatistas” (ou “batistas”).

O nascimento deste movimento remonta ao ano 1523, quando a Reforma chegou a Zurique. Não passou muito tempo para que começasse a ocorrer divisões dentro do Protestantismo. De Zwínglio se separaram vários grupos protestantes que anteriormente colaboravam na formação de uma comunidade independente da tutela da autoridade civil. Entre estes estavam Conrado Grebel (1498-1526) e Feliz Mantz (1500-1527), que passaram a desenvolver a idéia de que apenas os que críam retamente e levavam conduta pia eram membros da Igreja; assim, segundo suas opiniões, o batismo das crianças não podia nem sequer ser considerado batismo, sendo portanto inválido. Os anabatistas passaram então a se rebatizar, rejeitando a validade do seu primeiro batismo e alegando que apenas aqueles que podiam expressar conscientemente a fé em Cristo podiam ser batizados.

No ano 1524, Grebel rejeitou que seu novo filho fosse batizado e ocasionou um conflito com o Conselho de Zurique; em janeiro de 1525, o Conselho dispôs que fosse expulso da cidade quem, no prazo de oito dias, não batizasse seus filhos. Grebel e Mantz também foram proibidos de pregar[18], mas como o Protestantismo já tinha rejeitado a autoridade da Igreja [Católica], tendo em vista a livre interpretação da Bíblia, o novo movimento também não tinha motivos para se submeter às novas autoridades protestantes. A “caixa de Pandora” estava aberta e a partir de então não havia mais como o Protestantismo guardar uma unidade doutrinária.

É neste contexto que surgiram as inquisições protestantes. Mas apesar de se servirem da tortura e, em 7 de março de 1526, ter sido decretada pena de morte para todos aqueles que realizassem um segundo batismo, não foi possível conter os anabatistas (o mesmo passaria a ocorrer, aliás, com cada nova denominação protestante). Começaram assim as execuções de anabatistas, entre elas as de Félix Mantz (por afogamento), Jorge Blaurock e Miguel Sattler (ambos queimados vivos). As vítimas continuaram, mas o Anabatismo se propagou inclusive para a Alemanha, terra de Lutero, e os Países Baixos, onde a palavra de Calvino era a lei.

Proibidos tanto nas regiões católicas quanto nas protestantes, apareceram diferentes grupos anabatistas (menonitas, huterianos), alguns pacíficos, outros nem tanto. Um dos líderes destes grupos anabatistas violentos foi Tomás Müntzer, que logo depois de ser seguidor de Lutero acabou se tornando seu férreo inimigo. Liderou grupos de camponeses que, embora fizessem reclamações justas e buscassem o apoio de Lutero, acabaram partindo para a violência quando este último ofereceu-lhes a espada. É neste momento que Lutero escreve a obra “Contra as Hordas de Bandidos e Assassinos Camponeses” (WA 18,357-361), em que exorta os príncipes a realizar uma matança de camponeses, em público ou em privado, culminando tudo em um grotesco massacre.

Com o passar do tempo, a tendência anabatista foi penetrando nas diversas denominações protestantes, ecoando suas tendências referentes ao batismo inclusive em denominações não- anabatistas (pentecostais, metodistas), embora rejeitadas por outras (calvinistas, luteranos, reformados). A divisão chegou a tal ponto que hoje conheço comunidades eclesiais luteranas que rejeitam o batismo de crianças (embora continuem sendo exceção e não regra).

Entre algumas confissões protestantes rejeitando as doutrinas anabatistas, podemos mencionar:
“O Batismo: ensinamos que o Batismo é necessário para a salvação e que pelo Batismo nos é dada a graça divina. Ensinamos também que se devem batizar as crianças e que por este Batismo são oferecidas a Deus e recebem a graça de Deus. É por isso que condenamos os Anabatistas que rejeitam o Batismo das crianças” (Confissão de Augsburgo, artigo 9; ano 1530 – Igrejas Luteranas).

“Não apenas devem ser batizados aqueles que professam a fé em Cristo e obediência a Ele, como também as crianças, filhas de um ou de ambos os pais crentes” (Confissão de Westminster 28,4 – Igrejas Reformadas).

“Pergunta: Deve-se também batizar as crianças?
Resposta: Naturalmente, pois, como os adultos, encontram-se compreendidas na Aliança e pertencem à Igreja de Deus[a]. Tanto a estas quanto aos adultos se lhes promete, pelo sangue de Cristo, a remissão dos pecados[b] e o Espírito Santo, operário da fé[c]; por isso, e como sinal desta Aliança, [ambos] devem ser incorporados à Igreja de Deus e diferenciados dos filhos dos infiéis[d], assim como se fazia na Aliança do Antigo Testamento pela circuncisão[e], cujo substituto na Nova Aliança é o Batismo[f]. Notas: [a] Gênesis 17,7; [b] Mateus 19,14; [c] Lucas 1,15; Salmo 22,10; Isaías 44,1-3; Atos 2,39; [d] Atos 10,47; [e] Gênesis 17,14; [f] Colossenses 2,11-13” (Catecismo de Heidelberg, pergunta 74 – Igrejas Reformadas). 

“Opomo-nos aos anabatistas, os quais não aceitam o batismo infantil dos filhos dos crentes. Porém, conforme o Evangelho, 'o reino de Deus é dos pequeninos' e estes encontram-se incluídos na Aliança de Deus. Portanto, por que não devem receber o sinal da Aliança de Deus? Por que não devem ser consagrados pelo santo batismo, considerando que já pertencem à Igreja e são propriedade de Deus e da Igreja? Igualmente negamos as demais doutrinas dos anabatistas, que contêm pequenas considerações próprias e contrárias à Palavra de Deus. Em suma: não somos anabatistas e com eles nada temos em comum” (Confissão Helvética – antiga confissão protestante de 1566).

“Por esta razão, cremos que quem deseja entrar na vida eterna deve ser batizado uma [só] vez com o único Batismo, sem repetí-lo jamais, já que tampouco podemos nascer duas vezes. Mas este Batismo é útil não apenas enquanto a água está sobre nós, mas também todo o tempo de nossa vida. Portanto, reprovamos o erro dos anabatistas, que não se conformam com o único batismo que receberam e que, além disso, condenam o batismo das crianças [filhas] de crentes, as quais cremos que se deve batizar e selar com o sinal da Aliança, como as crianças em Israel eram circuncidadas nas mesmas promessas que foram feitas aos nossos filhos. E, certamente, Cristo não derramou menos o seu sangue para lavar as crianças dos fiéis como o fez pelos adultos; [por seu sangue] devem receber o sinal e o sacramento daquilo que Cristo fez por elas, da mesma forma como o Senhor, na Lei, ordenou que participassem do sacramento do padecimento e morte de Cristo pouco depois de terem nascido, sacrificando por elas um cordeiro, o qual era um sinal de Jesus Cristo. Por outro lado, o Batismo significa para nossos filhos o mesmo que a circuncisão significava para o povo judeu, o que fez São Paulo chamar o Batismo de 'a circuncisão de Cristo'” (Confissão Belga de 1619, artigo 34 – a Confissão Reformada dos Países Baixos e de várias igrejas reformadas atuais). 
Os anglicanos também rejeitaram o anabatismo:
“Do Batismo – O batismo não é apenas um sinal da profissão e uma nota de distinção pela qual se identificam os cristãos e os não-batizados, mas também é um sinal da regeneração ou renascimento, pelo qual, como por instrumento, os que recebem retamente o batismo são inseridos na Igreja; as promessas da remissão dos pecados e a de nossa adoção como filhos de Deus por meio do Espírito Santo são visivelmente assinaladas e seladas; a fé é confirmada; e a graça, em razão da oração a Deus, é ampliada. O Batismo das crianças, sendo conforme com a instituição de Cristo, deve ser inteiramente conservado na Igreja” (Os 39 Artigos da Religião, capítulo 27 – confissão doutrinária histórica da Igreja Anglicana).
João Calvino, em sua obra “Instituição da Religião Cristã” dedica uma seção para refutar o anabatismo. Pode ser vista aqui .
NOTAS


[1] Ireneo de Lyon, Fragmento 34. New Advent Encyclopediahttp://www.newadvent.org/fathers/0134.htm
Early Church Fathershttp://www.ccel.org/print/schaff/anf01/ix.viii.xxxiv
[2] Ireneo de Lyon, Contra las herejías 2, 22,4. Carlos Ignacio González, S.J., Ireneo de Lyon, Contra los herejes, Conferencia del Episcopado Mexicano, México 2000
[3] Orígenes In Rom. Com. 5,9: EH 249. Johannes Quasten, Patrología I, Biblioteca de Autores Cristianos 206, Quita Edición, Madrid 1995, pág. 395
[4] Orígenes, In Luc. hom. 14, 1.5 
Enrique Contreras, El Bautismo, Selección de textos patrísticos, Editorial Patria Grande, Segunda Reimpresión, Buenos Aires 2005, pág. 41
[5] Orígenes, In Luc. hom. 33, 5
Ibid pág. 43
[6] Orígenes, In Lev. Hom. 8,3. Johannes Quasten, Patrología I, Biblioteca de Autores Cristianos 206, Quita Edición, Madrid 1995, pág. 394
[7] Hipólito, Tradición apostólica 20,21 . Enrique Contreras, El Bautismo, Selección de textos patrísticos, Editorial Patria Grande, Segunda Reimpresión, Buenos Aires 2005, págs. 45,47
[9] Cipriano de Cartago, A Fido sobre el bautismo de infantes, Carta 58. Early Church Fathers,  http://www.ccel.org/print/schaff/anf05/iv.iv.lviii.; New Advent Encyclopediahttp://www.newadvent.org/fathers/050658.htm
[10] Gregorio Nacianceno, Sermón 40,11-17 (sobre el santo bautismo) . Carlos Etchevarne, El bautismo según los padres griegos, Adaptación Pedagógica:,Bach. Teol., pág. 14, 16-17
Early Church Fathers,  http://www.ccel.org/print/schaff/npnf207/iii.xxiii
New Advent Encyclopediahttp://www.newadvent.org/fathers/310240.htm
[11] Gregorio Nacianceno, Sermón 40,26-27 (sobre el santo bautismo)
Carlos Etchevarne, El bautismo según los padres griegos, Adaptación Pedagógica:,Bach. Teol., págs. 22-23
Early Church Fathers,  http://www.ccel.org/print/schaff/npnf207/iii.xxiii
[12] Juan Crisóstomo, Sermón a los neófitos, 1. Carlos Etchevarne, El bautismo según los padres griegos, Adaptación Pedagógica:,Bach. Teol., pág. 57
[13] Basilio el Grande, Protríptico del Santo Bautismo, 1. Ibid pág. 4
[14] II Concilio Milevis, 416 y XVI Concilio de Cartago, 418, aprobados por los papas San Inocencio I y San Zósimo, del Pecado Original y de la gracia, canon 2 . Daniel Ruiz Bueno, DenzingerEl Magisterio de la Iglesia, Manual de Símbolos, Definiciones y Declaraciones de laIglesia en materia de fe y costumbres, Editorial Herder 1963, D-102
[15] Agustín de Hipona, El Matrimonio y la concupiscencia, Libro I, XVIII, 20. Obras completas de San Agustín, Tomo XXXV, Biblioteca de Autores Cristianos 457, Madrid 1984, pág. 272-273
[16] Agustín de Hipona, El Matrimonio y la concupiscencia, Libro I, XX, 22 Ibid pág. 276
[17] Agustín de Hipona, El Matrimonio y la concupiscencia, Libro II, XI, 24 Ibid pág. 332

PARA CITAR

ARRAIZ, José Miguel. Os Pais da Igreja e o batismo das crianças. Disponível em: <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/570-os-pais-da-igreja-e-o-batismo-das-criancas>. Desde 27/02/2013. Tradução: Rafael Rodrigues

sábado, 12 de setembro de 2015

CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO
Um bom instrumento para ajudar- nos no processo de Nossa conversão é a magnífica obra "Confissões de Santo Agostinho".  A finalidade dessa obra é  iluminar a caminhada do homem para que não se perca em meio aos pecados. A tendência do homem é de pecar e se afastar,  mas o amor de Deus está sempre pronto a perdoar. Leiamos com atenção,  pois essa obra requer de nós  leitores uma percepção do que está oculto e relevante por trás de cada palavra de sabedoria a nos iluminar. Contemplamos o amor de Deus nessa obra!!!

LIVRO PRIMEIRO CAPÍTULO I
Louvor e Invocação És grande, Senhor e infinitamente digno de ser louvado; grande é teu poder, e incomensurável tua sabedoria. E o homem, pequena parte de tua criação quer louvar-te, e precisamente o homem que, revestido de sua mortalidade, traz em si o testemunho do pecado e a prova de que resistes aos soberbos. Todavia, o homem, partícula de tua criação, deseja louvar-te. Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso. Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo. Que eu, Senhor, te procure invocando-te, e te invoque crendo em ti, pois me pregaram teu nome. invoca-te, Senhor, a fé que tu me deste, a fé que me inspiraste pela humanidade de teu Filho e o ministério de teu pregador.

CAPÍTULO II
Deus está no homem, e este em Deus E como invocarei meu Deus, meu Deus e meu Senhor, se ao invocá-lo o faria certamente dentro de mim? E que lugar há em mim para receber o meu Deus, por onde Deus desça a mim, o Deus que fez o céu e a terra? Senhor, haverá em mim algum espaço que te possa conter? Acaso te contêm o céu e a terra, que tu criaste, e dentro dos quais também criaste a mim? Será, talvez, pelo fato de nada do que existe sem Ti, que todas as coisas te contêm? E, assim, se existo, que motivo pode haver para Te pedir que venhas a mim, já que não existiria se em mim não habitásseis? Ainda não estive no inferno, mas também ali estás presente, pois, se descer ao inferno, ali estarás. Eu nada seria, meu Deus, nada seria em absoluto se não estivesses em mim; talvez seria melhor dizer que eu não existiria de modo algum se não estivesse em ti, de quem, por quem e em quem existem todas as coisas? Assim é, Senhor, assim é. Como, pois, posso chamar-te se já estou em ti, ou de onde hás de vir a mim, ou a que parte do céu ou da terra me hei de recolher, para que ali venha a mim o meu Deus, ele que disse: Eu encho o céu e a terra?

CAPÍTULO III
Onde está Deus? Porventura o céu e a terra te contêm, porque os enches? Ou será melhor dizer que os enches, mas que ainda resta alguma parte de ti, já que eles não te podem conter? E onde estenderás isso que sobra de ti, depois de cheios o céu e a terra? Mas será necessário que sejas contido em algum lugar, tu que conténs todas as coisas, visto que as que enches as ocupas contendo-as? Porque não são os vasos cheios de ti que te tornam estável, já que, quando se quebrarem, tu não te derramarás; e quando te derramas sobre nós, isso não o fazes porque cais, mas porque nos levantas, nem porque te dispersas, mas porque nos recolhes. [4] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com No entanto, todas as coisas que enches, enche-as todas com todo o teu ser; ou talvez, por não te poderem conter totalmente todas as coisas, contêm apenas parte de ti? E essa parte de ti as contêm todas ao mesmo tempo, ou cada uma a sua, as maiores a maior parte, e as menores a menor parte? Mas haverá em ti partes maiores e partes menores? Acaso não estás todo em todas as partes, sem que haja coisa alguma que te contenha totalmente?

CAPÍTULO IV
 As perfeições de Deus Que és, portanto, ó meu Deus? Que és, repito, senão o Senhor Deus? Ó Deus sumo, excelente, poderosíssimo, onipotentíssimo, misericordiosíssimo e justíssimo. Tao oculto e tão presente, formosíssimo e fortíssimo, estável e incompreensível; imutável, mudando todas as coisas; nunca novo e nunca velho; renovador de todas as coisas, conduzindo à ruína os soberbos sem que eles o saibam; sempre agindo e sempre repouso; sempre sustentando, enchendo e protegendo; sempre criando, nutrindo e aperfeiçoando, sempre buscando, ainda que nada te falte. Amas sem paixão; tens zelos, e estás tranqüilo; te arrependes, e não tens dor; te iras, e continuas calmo; mudas de obra, mas não de resolução; recebes o que encontras, e nunca perdeste nada; não és avaro, e exiges lucro. A ti oferecemos tudo, para que sejas nosso devedor; porém, quem terá algo que não seja teu, pois, pagas dívidas que a ninguém deves, e perdoas dívidas sem que nada percas com isso? E que é o que até aqui dissemos, meu Deus, minha vida, minha doçura santa, ou que poderá alguém dizer quando fala de ti? Mas ai dos que nada dizem de ti, pois, embora seu muito falar, não passam de mudos charlatães.

CAPÍTULO V
Súplica Quem me dera descansar em ti! Quem me dera que viesses a meu coração e que o embriagasses, para que eu me esqueça de minhas maldades e me abrace contigo, meu único bem! Que és para mim? Tem piedade de mim, para que eu possa falar. E que sou eu para ti, para que me ordenes amar-te e, se não o fizer, irar-te contra mim, ameaçando-me com terríveis castigos? Acaso é pequeno o castigo de não te amar? Ai de mim! Dize-me por tuas misericórdias, meu Senhor e meu Deus, que és para mim? Dize a minha alma: Eu sou a tua salvação. Que eu ouça e siga essa voz e te alcance. Não queiras esconder-me teu rosto. Morra eu para que possa vê-lo para não morrer eternamente. Estreita é a casa de minha alma para que venhas até ela: que seja por ti dilatada. Está em ruínas; restaura-a. Há nela nódoas que ofendem o teu olhar: confesso-o, pois eu o sei; porém, quem haverá de purificá-la? A quem clamarei senão a ti? Livra-me, Senhor, dos pecados ocultos, e perdoa a teu servo os alheios! Creio, e por isso falo. Tu o sabes, Senhor. Acaso não confessei diante de ti meus delitos contra mim, ó meu Deus? E não me perdoaste a impiedade de meu coração? Não quero contender em juízos contigo, que és a verdade, e não quero enganar-me a mim mesmo, para que não se engane a si mesma minha iniqüidade. Não quero contender em juízos contigo, porque, se dás atenção às iniqüidades, Senhor, quem, Senhor, subsistirá?

CAPÍTULO VI
Os primeiros anos Permita, porém, que eu fale em presença de tua misericórdia, a mim, terra e cinza; deixa que eu fale, porque é à tua misericórdia que falo, e não ao homem, que de mim escarnece. Talvez também tu te rias de mim, mas, voltado para mim, terás compaixão. E que pretendo dizer-te, Senhor, senão que ignoro de onde vim para aqui, para esta não sei se posso chamar vida mortal ou morte vital? Não o sei. Mas receberam-me os consolos de [5] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) tuas misericórdias, conforme o que ouvi de meus pais carnais, de quem e em quem me formaste no tempo, pois eu de mim nada recordo. Receberam-me os consolos do leite humano, do qual nem minha mãe, nem minhas amas enchiam os seios; mas eras tu que, por meio delas, me davas aquele alimento da infância, de acordo com o seu desígnio, e segundo os tesouros dispostos por ti até no mais íntimo das coisas. Também por tua causa é que eu não queria mais do que me davas; por tua causa é que minhas amas queriam dar-me o que tu lhes davas, pois elas, movidas de sadio afeto, queriam darme aquilo que abundavam graças a ti, já que era um bem para elas ou delas receber aquele bem, embora realmente não fosse delas, meros instrumentos, porque de ti procedem, com certeza, todos os bens, ó Deus, e de ti, Deus meu, depende toda minha salvação. Tudo isto vim a saber mais tarde, quando me falaste por meio dos mesmos bens que me concedias interior e exteriormente. Porque então as únicas coisas que fazia era sugar o leite, aquietar-me com os afagos e chorar as dores de minha carne. Depois também comecei a rir, primeiro dormindo, depois acordado. Isto disseram de mim, e o creio, porque o mesmo acontece com outros meninos, pois eu não tenho a menor lembrança dessas coisas. Pouco a pouco comecei a me dar conta de onde estava, e a querer dar a conhecer meus desejos a quem os podia satisfazer, embora realmente não o pudessem, porque meus desejos estavam dentro, e eles fora; e por nenhum sentido podiam entrar em minha alma. assim, agitava os braços e dava gritos e sinais semelhantes a meus desejos, os poucos que podia e como podia, embora não fossem de fato sua expressão. Mas, se não era atendido, ou porque não me entendessem, ou porque o que desejava me fosse prejudicial, eu me indignava com os adultos, porque não me obedeciam, e sendo livres, por não quererem me servir; e deles me vingava chorando. Assim são as crianças que pude observar; e que eu também fosse assim, mais me ensinaram elas, sem o saber, do que os que me criaram, sabendo-o. Minha infância morreu há muito tempo, mas eu continuo vivo. Mas, dize-me, Senhor, tu que sempre vives, e em quem nada falece – porque existias antes do começo dos séculos, e antes de tudo o que há de anterior, e és Deus e Senhor de todas as coisas; e esse encontram em ti as causas de tudo o que é instável, e em ti permanecem os princípios imutáveis de tudo o que se transforma, e vivem as razões eternas de tudo o que é transitório – dize-me a mim, eu to suplico, ó meu Deus, diz-me, misericordioso, a mim que sou miserável, dize-me: porventura a minha infância sucedeu a outra idade minha, já morta? Será esta aquela que vivi no ventre de minha mãe? Porque também desta me revelaram algumas coisas, e eu mesmo já vi mulheres grávidas. E antes desse tempo, minha doçura e meu Deus, que era eu? Fui alguém, ou era parte de alguma coisa? Dize-mo, porque não tenho quem me responda, nem meu pai, nem minha mãe, nem a experiência dos outros, nem minha memória. Acaso te ris de mim, porque desejo saber estas coisas, e me mandas que te louve e te confesse pelo que conheci de ti? Eu te confesso, Senhor dos céus e da terra, louvando-te por meus princípios e por minha infância, de que não tenho memória, mas que, por tua graça, o homem pode conjectura de si pelos outros, crendo em muitas coisas, ainda que confiado na autoridade de humildes mulheres. Então eu já existia, já vivia de verdade; e, já no fim da infância procurava sinais com que pudesse exprimir aos outros as coisas que sentia. Com efeito, de onde poderia vir semelhante criatura, senão de ti, Senhor? Acaso alguém pode ser artífice de si mesmo? Porventura existirá algum outro manancial por onde corra até nos o ser e a vida, diferente da que nos dais, Senhor, tu em quem ser e vida não são coisas distintas, porque és o Sumo Ser e a Suprema Vida? Com efeito, és sumo, e não te mudas, nem caminha para ti o dia de hoje, apesar de caminhar por ti, apesar de estarem em ti com certeza todas estas coisas, que não teriam caminho por onde passar se não as contivesses. E porque teus anos não fenecem, teus anos são um perpétuo hoje. Oh! Quantos dias nossos e de nossos pais já passaram por este teu hoje, e dele receberam sua duração, e de alguma maneira existiram, e quantos passarão ainda, e receberão seu modo, e seu ser? Mas tu és sempre o mesmo, e todas as coisas de amanhã e do futuro, e todas as coisas de ontem e do passado, nesse hoje as fazes, nesse hoje as fizeste. Que importa que alguém não entenda essas coisas? Que este alguém se ria, e diga: que é isto? Que se ria assim, e que prefira encontrar-te sem indagação do que, indagando, não te encontrar. [6] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)

CAPÍTULO VII
 Os pecados da primeira infância Escuta-me, ó meu Deus! Ai dos pecados dos homens! E quem isto te diz é um homem, e tu te compadeces dele porque o criaste, e não foste autor do pecado que nele existe. Quem me poderá lembrar o pecado da infância, já que ninguém está diante de ti limpo de pecado, nem mesmo a criança cuja vida conta um só dia sobre a terra? Quem mo recordará? Acaso alguma criança pequena de hoje, em quem vejo a imagem do que não recordo de mim? E em que eu poderia pecar nesse tempo? Acaso por desejar o peito da nutriz, chorando? Se agora eu suspirasse com a mesma avidez, não pelo seio materno, mas pelo alimento próprio da minha idade, seria justamente escarnecido e censurado. Logo, era então digno de repreensão o meu proceder; mas como não podia entender a censura, nem o costume nem a razão permitiam que eu fosse repreendido. Prova está que, ao crescermos, extirpamos e afastamos de nós essa sofreguidão; e jamais vi homem sensato que, para limpar uma coisa viciosa, prive-a do que tem de bom. Acaso, mesmo para aquela idade, era bom pedir chorando o que não se me podia dar sem dano, indignar-me acremente com as pessoas livres que não se submetiam, assim como as pessoas respeitáveis, e até com meus próprios pais, e com muitos outros que, mais sensatos, não davam atenção aos sinais de meus caprichos, enquanto eu me esforçava por agredi-los com meus golpes, quanto podia, por não obedecerem às minhas ordens, que me teriam sido danosas? Daqui se segue que o que é inocente nas crianças é a debilidade dos membros infantis, e não a alma. Certa vez, vi e observei um menino invejoso. Ainda não falava, e já olhava pálido e com rosto amargurado para o irmãozinho colaço. Quem não terá testemunhado isso? Dizem que as mães e as amas tentam esconjurar este defeito com não sei que práticas. Mas se poderá considerar inocência o não suportar que se partilhe a fonte do leite, que mana copiosa e abundante, com quem está tão necessitado do mesmo socorro, e que sustenta a vida apenas com esse alimento? Mas costuma-se tolerar indulgentemente essas faltas, não porque sejam insignificantes, mas porque espera-se que desapareçam com os anos. Por isso, sendo tais coisas perdoáveis em um menino, quando se acham em um adulto, mal as podemos suportar. Assim, pois, meu Senhor e meu Deus, tu que me deste a vida e corpo, o qual dotaste, como vemos, de sentidos e proviste de membros, adornando-o de beleza e de instintos naturais, com os quais pudesse defender sua integridade e conservação, tu me mandas que te louve por esses dons e te confesse e cante teu nome altíssimo. Serias Deus onipotente e bom ainda que só tivesses criado apenas estas coisas, que nenhum outro pode fazer senão tu, ó Unidade, origem de todas as variedades, ó Beleza, que dás forma a todas as coisas, e com tua lei as ordenas! Tenho vergonha, Senhor, de ter de somar à vida terrena que vivo aquela idade que não recordo ter vivido, na qual acredito pelo testemunho de outros, por vê-lo assim em outras crianças, embora essa conjectura mereça toda a fé. As trevas em que está envolto meu esquecimento a seu respeito assemelham-se à vida que vivi no ventre de minha mãe. Assim, se fui concebido em iniqüidade, e se em pecado me alimentou minha mãe, onde, suplico-te, meu Deus, onde, Senhor, eu, teu servo, onde e quando fui inocente? Mas eis que silencio sobre esse tempo. Para que ocupar-se dele, se dele já não conservo nenhuma lembrança?
CAPÍTULO VIII
As primeiras palavras Acaso não foi caminhando da infância até aqui que cheguei à puerícia? Ou melhor, esta veio a mim e suplantou à infância sem que esta fosse embora, pois, para onde poderia ir? Contudo deixou de existir, porque eu já não era um bebezinho que não falava, mas um menino que aprendia a falar. Disso me recordo; mas como aprendi a falar, só mais tarde é que vim a perceber. Não mo ensinaram os mais velhos apresentando-me as palavras com certa ordem e método, como logo depois fizeram com as letras; mas foi por mim mesmo, com o entendimento [7] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)  que me deste, meu Deus, quando queria manifestar meus sentimentos com gemidos, gritinhos, e vários movimentos do corpo, a fim de que atendessem meus desejos; e também ao ver que não podia exteriorizar tudo o que queria, nem ser compreendido por todos aqueles a quem me dirigia. Assim, pois, quando chamavam alguma coisa pelo nome, eu a retinha na memória e, ao se pronunciar de novo a tal palavra, moviam o corpo na direção do objeto, eu entendia e notava que aquele objeto era o denominado com a palavra que pronunciavam, porque assim o chamavam quando o desejavam mostrar. Que esta fosse sua intenção, era-me revelado pelos movimentos do corpo, que são como uma linguagem universal, feita com a expressão rosto, a atitude dos membros e o tom da voz, que indicam os afetos da alma para pedir, reter, rejeitar ou evitar alguma coisa. Deste modo, das palavras usadas nas e colocadas em várias frases e ouvidas repetidas vezes, ia eu aos poucos notando o significado e, domada a dificuldade de minha boca, comecei a dar a entender minhas vontades por meio delas. Foi assim que comecei a comunicar meus desejos às pessoas entre as quais vivia, e entrei a fazer parte do tempestuoso mundo da sociedade, dependendo da autoridade de meus pais e obedecendo às pessoas mais velhas.
 CAPÍTULO IX
 Estudos e jogos Ó meu Deus, meu Deus! Que de misérias e enganos não experimentei então, quando se me propunha, em criança, como norma de bem viver, obedecer os mestres que me instigavam a brilhar neste mundo, e me ilustrar nas artes da língua, fiel instrumento para obter honras humanas e satisfazer a cobiça! Mudaram-me à escola, para que aprendesse as letras, nas quais eu, miserável, desconhecia o que havia de útil. Contudo, se era preguiçoso para aprendê-las, era fustigado, num sistema louvado pelos mais velhos; muitos deles, que levavam esse gênero de vida antes de nós, nos traçaram caminhos tão dolorosos pelos quais éramos obrigados a caminhar, multiplicando assim o trabalho e a dor aos filhos de Adão. Mas, por sorte, encontrei homens que te invocavam, Senhor, e com eles aprendi a te sentir, quanto possível, como a um Ser grande que podia escutar-nos e vir em nosso auxílio, embora sem a percepção dos sentidos. Ainda menino, pois, comecei a invocar-te como refúgio e amparo e, para te invocar, desatei os nós de minha língua; e, embora pequeno, te rogava já com grande fervor para que não me açoitassem na escola. E quando não me escutavas, o que servia para meu proveito os mestres, assim como meus próprios pais, que certamente não desejavam o meu mal, riam-se daquele castigo, que então era para mim grave suplício. Porventura, Senhor, haverá alguma alma tão grande, unida a ti com tão ardente afeto, pois isto também pode ser produzido pela estultice – repito, uma alma que alcance tal grandeza de ânimo que despreze os cavaletes e garfos de ferro, e os demais instrumentos de martírio – para fugir dos quais se te dirigem súplicas de todas as partes do mundo? Haverá uma alma que assim os despreze – rindo-se dos que têm deles tanto horror – como se riam nossos pais dos tormentos que éramos castigados por nossos mestres quando meninos? Porque, na verdade, não os temíamos menos, nem te rogávamos com menor fervor para que nos livrasses deles. Contudo, pecávamos por negligencia escrevendo ou lendo, estudando menos do que nos era exigido; e não era por falta de memória ou de inteligência, que para aquela idade, Senhor, me deste de modo suficiente, senão porque eu gostava de brincar, embora os que nos castigavam não fizessem outra coisa. Mas os jogos dos mais velhos chamavam-se negócios, enquanto que os dos meninos eram por eles castigados, sem que ninguém se compadecesse de uns e de outros, ou melhor, de ambos. Um juiz sensato poderia aprovar os castigos que eu, menino, recebia porque jogava bola, e porque com este jogo atrasava o aprendizado das letras, com as quais, adulto haveria de jogar menos inocentemente? Acaso fazia outra coisa naquele que me castigava? Se nalguma questiúncula era vencido por algum colega seu, não era mais atormentado pela cólera e pela inveja do que eu, quando uma partida de bola era vencido por meu companheiro? [8] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)
 CAPÍTULO X
Amor ao jogo Contudo, Senhor meu, ordenador e criador da natureza, mas do pecado somente ordenador, eu pecava; pecava desobedecendo as ordens de meus pais e mestres, uma vez que podia no futuro fazer bom uso das letras que desejavam me ensinar, qualquer que fosse sua intenção. E não era desobediente para me ocupar de coisas melhores, mas por amor ao jogo; buscava nos combates orgulhosas vitórias; deleitava-me com histórias frívolas, com as quais incentivava sempre mais minha curiosidade. Igualmente curiosos, meus olhos se abriam sempre mais para os jogos e espetáculos dos adultos, jogos que dão tao grande dignidade a quem os oferece, que quase todos desejam as mesmas dignidades para seus filhos. Contudo, gostam de os castigar se com tais espetáculos fogem dos estudos, por meio dos quais desejam que eles venham um dia a oferecer espetáculos semelhantes. Senhor, olha misericordiosamente para essas coisas, e livra-nos delas a nós que já te invocamos; mas livra também aos que ainda não te invocam, a fim de que te invoquem, e sejam igualmente libertados.
CAPÍTULO XI
 O batismo diferido Ainda menino, ouvi falar da vida eterna, que nos está prometida pela humildade de Jesus, nosso Senhor, que desceu até nossa soberba; e fui marcado com o sinal da cruz, sendo-me dado saborear de seu sal logo que saí do ventre de minha mãe, que sempre esperou muito em ti. Tu viste, Senhor, que numa ocasião, ainda menino, atacou-me repentinamente um dor de estômago que me abrasava, e que me aproximou da morte. Tu viste também, meu Deus, pois já me tinhas sob tua guarda, com que fervor de espírito e com que fé pedi à piedade de minha mãe, e da mãe de todos nós, tua Igreja, o batismo de teu Cristo, meu Deus e Senhor. Perturbou-se minha mãe carnal, pois que me criava com mais amor em seu casto coração em tua fé para a vida eterna e, solícita, já havia cuidado de que me iniciasse e purificasse com os sacramentos da salvação, confessando-te, ó meu Senhor Jesus, em remissão de meus pecados, quando, de repente, comecei a melhorar. Em vista disso, diferiu-se minha purificação, considerando que seria impossível, se eu vivesse, que não me tornasse a manchar; pois a culpa dos pecados cometidos depois do batismo é muito maior e mais perigosa. Nesta época eu já tinha fé verdadeira, juntamente com minha mãe e com todos da casa, à exceção de meu pai, que, porém, não pôde vencer em mim a ascendência da piedade materna, para que deixasse de acreditar em Cristo, tal como ele não acreditava; minha mãe, solícita, cuidava de que tu, meu Deus, fosses mais pai para mim do que ele, e a ajudavas a triunfar do marido, a quem servia melhor, porque nele te servia a ti e a tuas ordens. Mas, meu Deus, suplico-te que me mostres, se te apraz, por que motivo se diferiu então meu batismo; se foi ou não para meu bem que me soltaram as rédeas do pecado. Por que razão ainda hoje se diz de uns e de outros, como ouvimos em muitos lugares: “Deixe que faça o que quiser, porque ainda não está batizado” – embora não digamos da saúde do corpo: “Deixe que receba ainda mais feridas, porque ainda não está curado?” Quanto melhor teria sido para mim receber logo a saúde, e que meus cuidados e os dos meus fossem empregados em conservar intacta debaixo da tua proteção a saúde da minha alma, que me havias concedido! Melhor fora, certamente; porém, como minha mãe, sem dúvida, já previa quantas e quão grandes ondas de tentações me ameaçariam depois da meninice, preferiu expor-me a elas como terra grosseira que depois receberia forma, do que expor-me já como imagem tua. [9] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)
CAPÍTULO XII
 Ódio ao estudo Nesta minha infância, na qual eu tinha menos que temer por mim do que em minha adolescência, eu não gostava dos estudos, e odiava que a eles me obrigassem. Contudo, era coagido, e me faziam grande bem. Quem não procedia bem era eu, que não estudava a não ser constrangido, pois ninguém faz bem o que faz contra a vontade, mesmo que seja bom o que faz. Tampouco os que obrigavam a estudar agiam corretamente; antes, todo o bem que eu recebia vinha de ti, meu Deus, porque eles não tinham outro fim ao me obrigarem a estudar senão saciar o apetite de abundante miséria e de gloria ignominiosa. Mas tu, Senhor, que tens contados os cabelos de nossa cabeça, usavas do erro de todos os que me coagiam a estudar para minha utilidade; e usavas da minha falta de vontade de estudar para meu castigo, de que certamente eu já era digno, sendo ainda tão pequeno, e tao grande pecador. Assim, convertias em bem o mal que eles me faziam, e dos meus pecados, me davas justa retribuição, porque é teu desígnio, e assim acontece, que toda alma desordenada seja castigo de si mesma.
CAPÍTULO XIII
 Gosto pelo latim Porque odiava eu as letras gregas, que me ensinavam quando eu era criança? Não o sei, e nem agora o posso explicar. Em compensação, as letras latinas me apaixonavam, não as ensinadas pelos professores primários, mas a que é explicada pelos chamados gramáticos, porque aquelas primeiras, com as quais se aprende a ler, a escrever e a contar, não me foram menos pesadas e insuportáveis que as gregas. Mas donde podia proceder essa aversão, senão do pecado e da vaidade da vida, porque eu era carne e vento que caminha e não volta? Aquelas primeiras letras, pelas quais podia, como ainda faço, chegar e ler tudo o que há escrito e a escrever tudo o que quero, eram melhores e mais úteis que aquelas outras nas quais me obrigavam a decorar os erros de um tal Enéias, esquecido dos meus, e a chorar a morte de Dido, que se suicidou por amor, enquanto isso, eu, miserabilíssimo, suportava a minha própria morte com olhos enxutos, morrendo para ti, ó meu Deus, minha vida! Na verdade, que pode haver de mais miserável do que um infeliz que não se compadece de si mesmo e que, chorando a morte de Dido por amor de Enéias, não chora sua própria morte por falta de amor a ti, ó Deus, luz de meu coração, pão interior de minha alma, virtude fecundante de meu pensamento? Não te amava; prevaricava longe de ti, e ouvia de todas as partes: “Muito bem! Muito bem!” – porque a amizade deste mundo é adultério contra ti; e se aclamam a alguém dizendo: “Muito bem! Muito bem!” – é para que este não se envergonhe de ser assim. Eu não chorava estas faltas, chorava a morte de Dido “que se suicidou com a espada”, eu procurava as últimas de tuas criaturas, abandonando-te a ti, como terra que eu era, atraída pela terra. Se então me proibissem a leitura de tais coisas, me afligiriam por não ler aquilo que me comovia até a dor. Não obstante, semelhante loucura é considerada como coisa mais nobre e proveitosa que as letras pelas quais aprendemos a ler e a escrever. Mas agora, meu Deus, grite em minha alma tua verdade, e diga: Não é assim, não é assim, antes, aquela primeira instrução é absolutamente superior; pois eu preferiria esquecer todas as aventuras de Enéias, e outras histórias semelhantes, do que o saber ler e escrever. Sei que nas escolas dos gramáticos pendem cortinas às portas; porém, servem menos para velar o segredo que para encobrir o erro. Não gritem contra mim aqueles mestres a quem já não temo, enquanto confesso a ti os desejos de minha alma, e aborreço dos meus maus caminhos, a fim de amar os teus. Não gritem contra mim os comerciantes da gramática, pois, se eu os interrogar sobre se é verdade que Enéias veio uma vez a Cartago, como afirma o poeta, os néscios responderão que não sabem, e os sábios negarão o fato. Porém, se lhes perguntar como se escreve o nome de Enéias, todos os [10] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) que estudaram me responderão a mesma coisa, de acordo com a convenção com que os homens fixaram o valor das letras do alfabeto. Do mesmo modo, se lhes perguntar o que seria mais prejudicial para a vida humana: esquecer o ler e o escrever, ou todas as ficções dos poetas, quem não vê o que logo responderia aquele que não estivesse de tudo esquecido de ti? Pequei, pois, em minha infância, ao preferir vãos aos proveitosos, ou para dizer melhor, ao amar àqueles e ao odiar a estes; era para mim uma cantiga odiosa aquele “um e um, dois; dois e dois, quatro; enquanto considerava espetáculo encantador a história dcavalo de madeira cheio de guerreiros e o incêndio de Tróia, “e até a sombra de Creuza”.
CAPÍTULO XIV
 Aversão ao grego Por que então aborrecia eu a literatura grega na qual se cantam tais coisas? Porque também Homero é mui habilidoso em tecer essas historietas, dulcíssimo na sua frivolidade, embora para mim, menino, fosse bem amargo. Creio que o mesmo ocorra com Virgilio para os meninos gregos obrigados a estudá-lo, como a mim com relação a Homero. Era a dificuldade de ter de aprender totalmente uma língua estranha que, como fel, aspergia de amargura todas as doçuras das fábulas gregas. Eu ainda não conhecia nenhuma palavra daquela língua, e já me obrigavam com veemência, com crueldades e terríveis castigos, a aprendê-la. Na verdade, eu, ainda criança, também não conhecia nenhuma palavra de latim; contudo, com um pouco de atenção, o aprendi entre o carinho das amas, os gracejos dos que se riam e as alegrias dos que brincavam, sem medo algum nem tormento. Eu o aprendi, sem a pressão dos castigos, impelido unicamente por meu coração desejoso de dar à luz seus sentimentos, e o único caminho para isso era aprender algumas palavras, não dos que as ensinavam, mas do que falavam, em cujos ouvidos ia eu depositando quanto sentia. Por aqui se evidencia claramente que, para instruir, tem mais eficácia e curiosidade livre do que a necessidade inspirada pelo medo. Contudo, os excessos da curiosidade encontram nessa violência um freio segundo tuas leis, ó Deus; que desde as palmatórias dos mestres até os tormentos dos mártires sabem dosar suas salutares amarguras, que nos reconduzem a ti do seio do pernicioso deleite que de ti nos apartara.
CAPÍTULO XV
 Oração Ouvi, Senhor, minha oração, para que não desfaleça minha alma sob a tua lei, nem me canse em confessar tuas misericórdias, com as quais me arrancaste de meus perversos caminhos; que tua doçura sobrepuje todas as doçuras que segui, e assim te ame fortissimamente, e abrace tua mão com toda minha alma, e me livres de toda a tentação até o fim dos meus dias. Pois é, Senhor, meu rei e meu Deus, e a ti consagro quanto falo, escrevo, leio e conto, pois quando aprendia aquelas futilidades, tu eras o que me davas a verdadeira disciplina, e já me perdoaste os pecados de deleite cometidos naquelas vaidades. Muitas palavras úteis aprendi nelas, é verdade; porém, estas também se podem aprender em estudos sérios, e este é o caminho seguro pelo qual deveriam encaminhar as crianças.
CAPÍTULO XVI
 O mal da mitologia Ai de ti, torrente dos hábitos humanos! Quem há que te resista? Quando te secarás? Até quando irás arrastar os filhos de Eva a esse mar imenso e tenebroso, que apenas logram passar os que embarcam sobre o lenho da cruz? Acaso não foi em ti que li a fábula de Júpiter que troveja e adultera? É verdade que não podia fazer tais coisas ao mesmo tempo, mas assim se [11] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com representou para autorizar a imitação de um verdadeiro adultério com o encantamento de um falso trovão. Contudo, qual é o professor de pênula capaz de ouvir com paciência a um homem nascido do mesmo pó que clama e diz: “Homero imaginava essas ficções e atribuía aos deuses os vícios humanos; porém, eu preferiria que atribuísse a nós as qualidades divinas”. Com mais verdade se diria que Homero imaginou tudo isso, atribuindo qualidades divinas a homens corrompidos, para que os vícios não fossem considerados como tais, e para que todo aquele que os cometesse parecesse que imitava a deuses celestes, e não a homens corrompidos. E contudo, ó torrente infernal, em ti se precipitam os filhos dos homens, com o dinheiro gasto para aprender tais coisas. E consideram acontecimento importante representá-lo, publicamente no Foro, à vista das leis que concedem aos mestres um prêmio, além de seus salários particulares. E ferindo os rochedos de tuas margens, gritas dizendo: “Aqui se aprendem as palavras; aqui se adquire a eloqüência, tao necessária para persuadir e explicar os pensamentos; não poderíamos pois aprender as palavras: chuva de ouro, regaço, templo celeste, logro e outras mais, escritas em determinada passagem, se Terêncio não nos apresentasse um jovem perdido que se propõe a imitar a luxúria de Júpiter? Contemplava ele uma pintura mural “na qual se representava o mesmo Júpiter no momento em que, segundo dizem, descia como chuva de ouro sobre o regaço de Dânae, para lograr assim à pobre mulher”. E vede como se excitava à luxúria a vista de tão celestial mestre: - Mas que deus fez isto? – diz. - Nada menos que aquele que faz retumbar a abóbada do céu com enorme trovão! - E eu, homenzinho, não haveria de fazer o mesmo? - Fi-lo, sim, e com muito gosto. De modo algum se aprendem com semelhante torpeza aquelas palavras; antes, essas palavras levam mais atrevidamente a cometer a mesma devassidão. Não incrimino as palavras, que são como vasos seletos e preciosos, mas condeno o vinho do erro que mestres ébrios nos davam a beber nelas e, se não o bebêssemos, éramos açoitados, sem que pudéssemos apelar para juiz mais sóbrio. E, não obstante, meu Deus, cuja presença me protege desta lembrança, confesso que aprendi estas coisas com gosto e que, miserável, nelas me comprazi, sendo por isso chamado menino de grandes esperanças.
 CAPÍTULO XVII
 Êxitos escolares Permite-me, Senhor, que diga também algo de meu talento, dádiva tua, e dos desatinos em que o empregava. Propunha-se-me como desafio – coisa mui preocupante para minha alma, tanto pelo louvor ou descrédito, como por medo dos açoites – que repetisse as palavras de Juno, irada e ressentida por não podem “afastar da Itália ao rei dos troianos”, embora jamais tenha sabido que tivessem sido pronunciadas por Juno. Mas obrigavam-nos a errar seguindo os passos das ficções poéticas, e a repetir em prosa o que o poeta havia dito em verso. Era mais elogiado aquele que, conforme a dignidade da pessoa representada, soubesse pintar com mais vivacidade e semelhança, e revestir com palavras mais apropriadas seus afetos de ira ou de dor. Mas qual o proveito disso – ó vida verdadeira, meu Deus – de que me servia ser aplaudido por minha declamação mais que todos os meus coetâneos e condiscípulos? Não era tudo aquilo fumo e vento? Acaso não havia outra coisa em que exercitar meu talento e minha língua? Teus louvores, Senhor, teus louvores, consignados nas Escrituras, poderiam soerguer a frágil planta de meu coração, e eu não teria sido arrebatado pela vaidade de vãs quimeras, presa imunda das aves. Com efeito, há diversas maneiras de oferecer sacrifício aos anjos rebeldes.
CAPÍTULO XVIII
 Leis gramaticais, lei de Deus [12] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) www.monergismo.com Mas, por que admirar-se que eu me deixasse arrastar pelas vaidades e me afastar de ti, meu Deus, se me propunham como exemplos para imitar a uns homens que se, ao contar alguma boa ação, deslizassem nalgum barbarismo ou solecismo cobriam-me de críticas e, pelo contrário, que eram elogiados por narrar suas torpezas com palavras castiças e apropriadas, de modo eloqüente e elegante, e que os inchavam de vaidade? Tu vês, Senhor, estas coisas, e te calas compassivo, paciente, cheio de misericórdia e verdade. Mas te calarás para sempre? Arranca, pois, agora deste espantoso abismo a alma que te busca sedenta de teus deleites, e que te diz de coração: Busquei, Senhor, teu rosto; teu rosto, Senhor, buscarei ainda. Longe está de teu rosto quem anda ocupado com afetos tenebrosos, porque não é com os pés carnais, nem cobrindo distâncias que nos aproximamos ou nos afastamos de ti. Porventura aquele teu filho menor procurou cavalos, ou carros, ou naves, ou voou com asas invisíveis, ou viajou a pé para alcançar aquela região longínqua onde dissipou o que lhes havia dado, ó Pai, meigo ao lhe entregar a substância, e mais carinhoso ainda ao recebê-lo andrajoso? Assim, pois, viver nas paixões da luxúria, é o mesmo que viver em paixões tenebrosas, é viver longe de teu rosto. Olha, meu Senhor e meu Deus, é vê paciente, como costumas ver, de que modo diligente os filhos dos homens observam as regras de ortografia recebidas dos primeiros mestres, e desprezam as leis eternas de salvação perpétua recebidas de ti; de tal modo que, se alguns dos que sabem ou ensinam as regras antigas dos sons pronunciasse a palavra homo, sem aspirar a primeira letra, desagradaria mais aos homens do que se, contra teus preceitos, odiasse a outro homem, sendo este homem. Como se o homem pudesse ter inimigo mais pernicioso que o ódio com que se irrita contra si mesmo, ou como se pudesse causar a outrem maior dano, perseguindo-o, do que causa a seu próprio coração odiando! Com certeza, não nos é mais íntima a ciência das letras do que a consciência, que manda não fazer a outrem o que não queremos que não nos façam. Oh! Como és misericordioso, tu, que habitando silencioso nos céus, Deus grande e único, espalhas com lei infatigável cegueiras vingadoras sobre as paixões ilícitas! Quando o homem, aspirando à fama de eloqüente, ataca a seu inimigo com ódio feroz diante do juiz, rodeado de grande multidão de homens, toma todo o cuidado para que, por um lapsus linguae, não se lhe escape um inter ominibus, sem aspirar o h, sem cuidar que com o furor de seu ódio se tire um homem de entre os homens.
CAPÍTULO XIX
Mau perdedor À beira de tal lodaçal jazia eu, pobre criança, sendo esta a arena em que me exercitava, temendo mais cometer um barbarismo de linguagem do que cuidando de não invejar, se o cometia, aqueles que o tinham evitado. Digo e confesso diante de ti, meu Deus, essas misérias, que me angariavam o louvor daqueles cuja simpatia equivalia para mim a uma vida honesta, pois não via o abismo pois não via o abismo de torpeza em que tudo isso me lançara, longe dos teus olhos. A teus olhos quem era mais repelente do que eu? E eu até desagradava tais homens, enganando com infinidade de mentiras a meus criados, mestres e pais por amor dos jogos, por gosto de ver espetáculos frívolos e o desejo inquieto de os imitar. Também cometia furtos na despensa e na mesa de meus pais, ora impelido pela gula, ora para ter de dar aos meninos para brincar com eles, folguedos que os deleitavam tanto quanto a mim, e que eles me faziam pagar. No jogo, frequentemente, conseguia vitórias fraudulentas, vencido pelo desejo de me sobressair. Contudo, nada havia que eu quisesse mais evitar e que eu repreendesse mais atrozmente se o descobrisse em outros, que o mesmo eu fazia aos demais. Se acaso eu era o prejudicado, e o acusado ficava furioso, eu não cedia. Será esta a inocência infantil? Não, Senhor, não o é, eu to confesso, meu Deus. Porque essas mesmas coisas que se fazem com os criados e mestres por causa de nozes, bolas e passarinhos, se avultam na maioridade com os magistrados e reis por causa de dinheiro, palácios e servos, do mesmo modo que à palmatória sucedem-se maiores castigos. Assim, quando tu, nosso rei, disseste: Delas é o reino do céus – quiseste sem dúvida louvar na pequenez de sua estatura um símbolo de humildade. [13] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)

 CAPÍTULO XX
Ação de graças Contudo, Senhor, graças te sejam dadas, excelso e ótimo criador e ordenador do universo, nosso Deus, mesmo que te limitasses a me fazer apenas menino. Porque então, eu já existia, vivia, sentia, cuidava da minha integridade, eco de tua profunda unidade, fonte de minha existência. Guardava também, com o secreto instinto, a integridade dos meus outros sentidos, e deleitava-me com a verdade nos pequenos pensamentos que formava sobre coisas pequenas. Não queria ser enganado, tinha boa memória, e me ia instruindo com a conversação. Alegrava-me com a amizade, fugia à dor, ao desprezo, à ignorância. E não seria isto, em tal criatura, digno de admiração e de louvor? Pois todas essas coisas são dons do meu Deus, que eu não dei a mim mesmo. E todos são bons, e tudo isso constitui o meu eu. O que me criou, portanto, é bom, e ele próprio é o meu bem; a ele louvo por todos estes bens que integravam meu ser de criança. Eu pecava em buscar em mim próprio e nas demais criaturas, e não nele, os deleites, grandezas e verdades; por isso caia logo em dores, confusões e erros. Graças a ti, minha doçura, minha esperança e meu Deus, graças a ti por teus dons; que eles fiquem em ti conservados. Assim me guardarás também a mim, e aumentarão e aperfeiçoarão os dons que me deste, e eu estarei contigo, porque também me deste a existência.
LIVRO SEGUNDO CAPÍTULO I
A adolescência Quero recordar minhas torpezas passadas e as degradações carnais de minha alma, não porque as ame, mas por te amar, ó meu Deus. É por amor de teu amor que o faço, percorrendo com a memória amargurada, aqueles meus perversos caminhos, para que tu me sejas doce, doçura sem engano, ditosa e eterna doçura. Resgata-me da dispersão em que me dissipei quando, afastando-me de tua unidade, me desvaneci em muitas coisas. Tempo houve de minha adolescência em que ardi em desejos de me fartar dos prazeres mais baixos, e ousei a bestialidade de vários e sombrios amores, e se murchou minha beleza, e me transformei em podridão diante de teus olhos, para agradar a mim mesmo e desejar agradar aos olhos dos homens.
CAPÍTULO II
 As primeiras paixões E que me deleitava, senão amar e ser amada? Mas eu não era moderado, indo de alma para alma de acordo com os sinais luminosos da amizade, pois, da lodosa concupiscência de minha carne e do fervilhar da puberdade levantava-se como que uma névoa que obscurecia e ofuscava meu coração, a ponto de não discernir a serena amizade da tenebrosa libido. Uma e outra, confusamente, me abrasavam; arrastavam minha fraca idade pelo declive íngreme de meus apetites, afogando-me em um mar de torpezas. Tua ira se acumulava sobre mim, e eu não o sabia. Ensurdeci com o ruído da cadeia de minha mortalidade, e cada vez mais me afastava de ti, e tu o consentias; e me agitava, e me dissipava, e me derramava e fervia em minha devassidão, e tu te calavas – ó alegria que tão tarde encontrei! – tu te calavas então, e eu ia cada vez mais para longe de ti, sempre atrás de estéreis sementes de dores, com vil soberba e inquieto cansaço. Oh! Se alguém refreasse aquela minha miséria, para que fizesse bom uso da fugaz beleza das criaturas inferiores; limitasse suas delicias, a fim de que as vagas daquela minha idade rompessem na praia do matrimonio, já que de outro modo não podia haver paz – contendo-se nos limites da geração, como prescreve tua lei, Senhor, tu que crias o gérmen transmissor de nossa vida mortal, e que com mão bondosa podes suavizar a agudeza dos espinhos, que mantiveste fora do paraíso! Porque tua onipotência está perto de nós, mesmo quando vagueamos longe de ti. Pelo menos eu deveria atender com mais diligencia à voz de tuas nuvens: Também eles sofrerão as tribulações da carne; mas eu quisera poupar-vos; e bom é ao homem não tocar em mulher; o que está sem mulher pensa nas coisas de Deus, de como o há de agradar; mas o que está ligado pelo matrimonio pensa nas coisas do mundo, e em como há de agradar à mulher. Estas são as palavras que eu deveria ter ouvido mais atentamente; e, eunuco pelo amor ao reino de Deus, teria suspirado mais feliz por teus abraços. Mas eu, miserável, tornei-me em torrente, seguindo o ímpeto de minha paixão, te abandonei e transgredi a todos os teus preceitos, sem porém, escapar de teus castigos. E quem o poderia dentre os mortais? Sempre estavas ao meu lado, irritando-se misericordiosamente comigo, e aspergindo com amaríssimos desgostos todos os meus gozos ilícitos, para que eu buscasse a alegria sem te ofender e, quando a achasse, de modo algum fosse fora de ti, Senhor. Fora de ti, que impões a dor em mandamento, e feres para sarar, e nos tiras a vida para que não morramos sem ti. Mas onde estava eu? Oh! Quão longe, exilado das delicias de tua casa naqueles meus dezesseis anos de idade carnal, quando esta empunhou seu cetro sobre mim, e eu me rendi totalmente a ela, à fúria da concupiscência que a degradação humana legítima, porém, ilícita, de acordo com as tuas leis. [15] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) Nem mesmo os meus cogitaram em me sustentar na queda, pelo casamento, ao ver-me cair; cuidavam apenas que eu aprendesse a compor discursos magníficos e a persuadir com a palavra.
CAPÍTULO III
Cegueira do pai, cuidados da mãe Nesse mesmo ano tive de interromper meus estudos, quando voltei de Madaura, cidade vizinha, onde fora estudar literatura e oratória, enquanto se faziam os preparativos necessários para minha viagem mais longa a Cartago, levado mais pela ambição de meu pai que pelos seus parcos bens, pois, era mui modesto cidadão de Tagaste. Mas, a quem conto eu estes fatos? Certamente, não a ti, meu Deus, mas em tua presença conto estas coisas aos da minha estirpe, ao gênero humano, ainda que estas páginas chegassem às mãos de poucos. E para que então? Para que eu, e quem me ler, pensemos na profundeza do abismo de onde temos de clamar por ti? E que há de mais próximo a teus ouvidos que o coração contrito e a vida que procede da fé? Quem então não cumulava a meu pai de louvores, pois excedendo até seus deveres familiares, gastava com o filho o necessário para tão longa viagem por causa de seus estudos? Porque muitos cidadãos, muito mais ricos do que ele, não mostravam para com os filhos igual cuidado. Contudo, este mesmo pai não se importava de saber se eu crescia para ti, ou que fosse casto, contanto que fosse deserto; mas antes eu era deserto, por carecer de teu cultivo, ó Deus, único, verdadeiro e bom senhor de teu campo, o meu coração. Porém, no meu décimo-sexto ano foi necessária uma interrupção em meus estudos por falta de recursos familiares e, livre da escola, passei a viver com meus pais. Avassalaram então minha cabeça os espinhos de minhas paixões, sem que houvesse mãos que os arrancassem. Pelo contrário, meu pai, certo dia, percebendo ao banho sinais de minha puberdade e vendo-me revestido de inquieta adolescência, como se já se alegrasse pensando nos netos, foi contá-lo alegre à minha mãe. Alegria esta gerada pela embriaguez com que este mundo esquece de ti, seu criador, e em teu lugar ama tua criatura; embriaguez que nasce do vinho sutil de sua perversa e mal inclinada vontade para as coisas baixas. Mas, nessa época, já tinhas começado a levantar, no coração de minha mãe, teu templo e os alicerces de tua santa morada; meu pai não era mais que catecúmeno, recente ainda. Por isso minha mãe perturbou-se com santo temor. Embora eu ainda não fosse batizado, temia que eu seguisse as sendas tortuosas por onde andam os que te voltam as costas, e não o rosto. Ai de mim! Como me atrevo a dizer que te calavas quando me afastava de ti? Seria verdade que então te calavas comigo? E de quem eram, senão tuas, aquelas palavras que pela boca de minha mãe, tua serva fiel, sussurraste em meus ouvidos, embora nenhuma delas penetrasse no meu coração, para que a cumprisse? Lembro bem que um dia me admoestou em segredo, com grande solicitude, que me abstivesse da luxúria e, sobretudo, que não cometesse adultério com a mulher de ninguém. Porém, esses conselhos pareciam-me próprios de mulheres, e eu me envergonharia de segui-los. Mas, na realidade, eram teus, embora eu não o soubesse, e por isso julgava que te calavas, e que era ela quem me falava; e eu te desprezava em tua serva, eu, seu filho, filho de tua serva e servo teu, a ti que não cessavas de me falar pela sua boca. Mas eu não o sabia, e me precipitava com tanta cegueira, que me envergonhava entre os companheiros de minha idade, de ser menos torpe do que eles. Os ouvia jactar-se de suas maldades, e gloriar-se tanto mais quanto mais infames eram; assim eu gostava de fazer o mal, não só pelo prazer, mas ainda por vaidade. O que há de mais digno de vitupério do que o vicio? E, contudo, para não ser escarnecido, tornava-me mais viciado e, quando não houvesse cometido pecado que me igualasse aos mais perdidos, fingia ter feito o que não cometera, para que não parecesse mais abjeto quanto mais inocente, e tanto mais vil quanto mais casto. Eis com que companheiros andava eu pelas graças de Babilônia, revolvendo-me na lama, como em cinamomo e ungüentos preciosos. E, para que todo esse lodo me pegasse bem firme, subjugava-me o inimigo invisível, e me seduzia, por ser eu presa fácil da sedução. Nem então minha mãe carnal, que já fugira do meio da Babilônia, mas que em outras coisas caminhava mais devagar, cuidou – como fizera ao aconselhar-me a castidade – de conter [16] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)  com os laços do matrimonio aquilo de que seu marido lhe falara a meu respeito. Já percebera ela que me era pestilencial, e que mais adiante me seria perigoso – já que essa paixão não podia ser cortada pela raiz. Não pensou nisso, digo, por temer que o vínculo matrimonial frustrasse a esperança que sobre mim acalentava; não a esperança da vida futura, que ela já tinha posto em ti, mas a esperança das letras que ambos, meu pai e minha mãe, desejavam ardentemente; meu pai, porque não pensava quase nada de ti, mas apenas ambições vãs a meu respeito; minha mãe, porque considerava que tais tradicionais estudos das letras não só não me seriam de estorvo, sendo de não pouca ajuda para chegar a ti. Assim julgo eu, agora, enquanto me é possível pela lembrança, o caráter de meus pais. Por isso, soltavam-me as rédeas para o jogo mais do que o permite uma moderada severidade, deixando-me cair na dissolução de várias paixões; e de todas surgia uma obscuridade que me toldava, ó meu Deus, a luz da tua verdade; e, por assim dizer, de meu corpo, brotava minha iniqüidade.
CAPÍTULO IV O furto das pêras É certo, Senhor, que tua lei pune o furto, lei tão arraigada no coração dos homens que nem a própria iniqüidade pode apagar. Que ladrão há que suporte com paciência que o roubem? Nem o rico tolera isto a quem o faz forçado pela indigência. Também eu quis roubar, e roubei não forçado pela necessidade, mas por penúria, fastio de justiça e abundância de maldade, pois roubei o que tinha em abundância, e muito melhor. Nem me atraía ao furto o gozo de seu resultado, mas atraía-me o furto em si, o pecado. Nas imediações de nossa vinha, havia uma pereira carregada de frutos, que nem pelo aspecto, nem pelo sabor tinham algo de tentador. Alta noite – pois até então ficaríamos jogando nas eiras, de acordo com nosso mau costume – dirigimo-nos ao local, eu e alguns jovens malvados, com o fim de sacudi-la e colher-lhe os frutos. E levamos grande quantidade deles, não para saboreá-los, mas para jogá-los aos porcos, embora comêssemos alguns; nosso deleite era fazer o que nos agradava justamente pelo fato de ser coisa proibida. Aí está meu coração, Senhor, meu coração que olhaste com misericórdia quando se encontrava na profundeza do abismo. Que este meu coração te diga agora que era o que ali buscava, para fazer o mal gratuitamente, não tendo minha maldade outra razão que a própria maldade. Era hedionda, e eu a amei; amei minha morte, amei meu pecado; não o objeto que me fazia cair, mas minha própria queda. Ó torpe minha alma, que saltando para fora do santo apoio, te lançavas na morte, não buscando na ignomínia senão a própria ignomínia?
CAPÍTULO V
A causa do pecado Todos os corpos formosos, o ouro, a prata, e todos os demais têm, com efeito, seu aspecto atraente. No contato carnal intervém grandemente a congruência das partes, e cada um dos sentidos percebe nos corpos certa modalidade própria. Também a honra temporal e o poder de mandar e dominar têm seu atrativo, de onde nasce o desejo de vingança. Todavia, para obtermos estas coisas, não é necessário abandonarmos a ti, nem nos desviar de tua lei. Também a vida que aqui vivemos tem seus encantos, por certa beleza que lhe é própria, e pela harmonia que tem com as demais belezas terrenas. Cara é, finalmente, a amizade dos homens pela união que une muitas almas com o doce laço do amor. Por todos estes motivos, e outros semelhantes, pecamos quando, por propensão imoderada para os bens ínfimos, são abandonados os melhores e mais altos, como tu, Senhor, nosso Deus, tua verdade e tua lei. É verdade que também esses bens ínfimos têm seus deleites, porém, não como os de Deus, criador de todas as coisas, porque nele se deleita o justo, e nele acham suas delicias os retos de coração. [17] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)  Portanto, quando indagamos a causa de um crime, não descansamos até averiguar qual o apetite dos bens chamados ínfimos, ou que temor de perdê-los foi capaz de provocá-lo. Sem dúvida são belos e atraentes, embora, comparados com os bens superiores e beatíficos, sejam abjetos e desprezíveis. Alguém comete um homicídio. Por que? Porque desejou a esposa do morto, ou suas terras, ou porque quis roubar alguma coisa, ou então, ferido, ardeu em desejos de vingança. Por acaso cometeria o crime sem motivo, apenas pelo gosto de matar? Quem pode acreditar em semelhante coisa? Mesmo de Catilina, homem sem entranhas e muito cruel, de quem se disse que era mau e cruel sem razão, acrescenta o historiador um motivo: “Para que a ociosidade não embotasse suas mãos e sentimento”. Todavia, se indagares porque agia assim, dir-te-ei que mediante o exercício de crimes, depois de tomada a cidade, conseguisse honras, poderes e riquezas, libertando-se do medo das leis e das dificuldades da vida, causados pela pobreza de seu patrimônio e a consciência de seus crimes. Logo, nem o próprio Catilina amava seus crimes, mas aquilo por cujo motivo os cometia. CAPÍTULO VI
 O crime gratuito Que amei, então, em ti, ó meu furto, crime noturno dos meus dezesseis anos? Não eras belo, já que eras furto. Mas, por acaso és algo para que eu fale contigo? Belas eram as pêras que roubamos, por serem criaturas tuas, ó formosíssimo Criador de todas as coisas, bom Deus, Deus sumo, meu bem e meu verdadeiro bem; belas eram aquelas pêras! Porém, não eram elas que apeteciam minha alma depravada. Eu as tinha em abundância, e melhores. Colhi-as da árvore só para roubar; tanto que, tão logo colhidas, joguei-as fora, saboreando nelas apenas a iniqüidade, com que me regozijava. Se alguma delas entrou em minha boca, somente o crime é que lhe deu sabor. E agora pergunto, meu Deus: que é que me deleitava no furto? Pois não encontro nenhuma beleza nele. Já não falo da beleza que reside na justiça e na prudência, nem sequer da que resplandece na inteligência do homem, na memória, nos sentidos ou na vida vegetativa; nem da que brilha nos magníficos astros em suas órbitas, ou na terra e no mar, cheios de criaturas, que nascem para sucederem umas às outras; nem sequer da defeituosa e sombria formosura dos vícios enganadores. O orgulho imita a altura; mas só tu, Deus excelso, estás acima de todas as coisas. E a ambição, que busca, senão honras e glorias, quanto tu és o único sobre todas as coisas e ser honrado e glorificado eternamente? A crueldade dos tiranos quer ser temida; porém, quem há de ser temido senão Deus, a cujo poder ninguém, porém, quem há de ser temido senão Deus, a cujo poder ninguém, em tempo algum ou lugar, nem por nenhum meio pode subtrair-se e fugir? As carícias da volúpia buscam ser correspondidas; porém, não há nada mais carinhoso que tua caridade, nem que se ame de modo mais salutar que tua verdade, sobre todas as coisas formosa e resplandecente. A curiosidade sugere amor à ciência, enquanto só tu conheces plenamente todas as coisas. Até a própria ignorância e estultícia cobrem-se com o nome de simplicidade e inocência; das quais não acham nada mais simples do que tu. E que pode haver mais inocente do que tu, pois, até mesmo o castigo dos maus lhes vem de seus pecados? A indolência gosta do descanso; porém, que repouso seguro pode haver fora do Senhor? O luxo gosta de ser chamado de fartura; mas só tu és a plenitude e a abundância inesgotável de eterna suavidade. A prodigalidade veste-se com a capa da liberalidade; porém, só tu, és verdadeiro e liberalíssimo doador de todos os bens. A avareza quer possuir muitas coisas; porém, só tu as possui todas. A inveja litiga acerca de excelências; porém, que há mais excelente do que tu? A ira busca a vingança; e que vingança mais justa do que a tua? O temor aborrece as coisas repentinas e insólitas, contrárias ao que se ama ou se deseja manter seguro; mas haverá para ti algo de novo e repentino? Quem poderá separar de ti o que amas? E onde, senão em ti, se encontra inabalável segurança? A tristeza definha com a perda das coisas com que a cobiça se deleita, e não quer que se lhe tire nada, como nada pode ser tirado de ti. Assim peca a alma, quando se aparta e busca fora de ti o que não pode achar puro e ilibado senão quando se volta novamente para ti. Perversamente te imitam todos os que se afastam de ti e se levantam contra ti. Porém, mesmo imitando-te, mostram que és o criador de [18] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9) toda criatura e que, portanto, não existe lugar onde alguém se possa afastar de ti de modo absoluto. Que amei, então, naquele furto, e no que imitei, viciosa e imperfeitamente, a meu Senhor? Acaso foi o gosto de agir pela fraude contra a tua lei, já que não o podia fazer por força, simulando, cativo, uma falsa liberdade ao fazer impunemente o que estava proibido, imagem tenebrosa de tua onipotência? Eis aqui o servo que, fugindo do seu senhor, seguiu uma sombra. Ó podridão! Ó monstro da vida e abismo da morte! Como pôde agradar-me o ilícito, e não por outro motivo, senão porque era ilícito?
CAPÍTULO VII
Ação de graças Como agradecerei ao Senhor por poder recordar todas estas coisas sem que minha alma sinta medo algum? Amar-te-ei, Senhor, e dar-te-ei graças, e confessarei teu nome, pois me perdoaste tantas e tão nefandas ações. Devo à tua graça e misericórdia teres-me dissolvido os pecados como gelo, como também todo o mal que não pratiquei. De fato, de que pecados não seria capaz, eu que amei gratuitamente o erro? Confesso que todos já me foram perdoados; o mal cometido voluntariamente, e o que deixei de fazer pela tua graça. Quem dentre os homens, conhecendo tua fraqueza, poderá atribuir às próprias forças sua castidade e inocência para amar-te menos, como se tivesse menor necessidade de tua misericórdia, com a qual perdoas os pecados aos que se convertem a ti? Aquele, pois, que, chamado por ti, seguiu tua voz e evitou todas estas coisas que lê de mim, e que eu recordo e confesso, não se ria de mim por haver sido curado pelo mesmo médico que o preservou de cair enfermo, ou melhor, de que adoecesse tanto. Antes, esse deve amar-te tanto e ainda mais do que eu, porque o mesmo que me curou de tantas e tão graves enfermidades, esse mesmo o livrou de cair no pecado.
CAPÍTULO VIII
O prazer da cumplicidade E que fruto colhi eu, miserável, daquelas ações que agora recordo com rubor? Sobretudo daquele furto, em que amei o próprio furto, e nada mais? Nenhum, pois o furto, em si nada valia, ficando eu mais miserável com ele. Todavia, é certo que eu sozinho não o teria praticado – a julgar pela disposição de meu ânimo na ocasião; - não, de modo algum; eu sozinho não o faria. Portanto, apreciei também na ocasião a companhia daqueles com quem o cometi. Logo, também é certo que apreciei algo mais além do furto; embora não amasse de fato nada mais, pois também essa cumplicidade era nada. Mas, que é esta, na verdade? E quem mo poderá ensinar, senão o que ilumina meu coração e rasga minhas sombras? De onde vem à minha alma a idéia destas indagações, desta discussão e considerações? Se eu então amasse as pêras que roubei, e quisesse apenas seu desfrute, podia tê-las roubado sozinho, se isso bastasse. Poderia fazer a iniqüidade pela qual chegaria meu deleite sem necessidade de excitar o prurido da minha cobiça com a conivência de almas cúmplices. Porém, como não achava deleite algum nas pêras, colocava este no próprio pecado, que consistia na companhia dos que pecavam comigo.
CAPÍTULO IX
O prazer do pecado E que sentimento era aquele de minha alma? certamente, assaz torpe e eu um desgraçado por alimentá-lo. Mas, que era na realidade? E quem há que conheça os pecados? Era como um [19] Monergismo.com – “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)  riso, como que a fazer-nos cócegas no coração, provocado por ver que enganávamos aos que não suspeitavam de nós tais coisas, e porque sabíamos que haviam de detestá-las. Porém, por que me deleitava o não perpetrar sozinho o roubo? Acaso alguém se ri facilmente quando está só? Ninguém o faz, é verdade; porém, também é verdade que às vezes o riso tenta e vence aos que estão sós, sem que ninguém os veja, quando se oferece aos sentidos ou à alma algo extraordinariamente ridículo. Porque a verdade é que eu sozinho nunca teria feito aquilo; não, eu sozinho jamais faria aquilo. Tenho viva, diante de mim, meu Deus, a lembrança daquele estado de alma, e repito que eu sozinho não teria cometido aquele furto, do qual não me deleitava o objeto, mas a razão do roubo, o que, sozinho, não me teria agradado de modo algum, nem eu o teria feito. Ó amizade inimiga! Sedução impenetrável da alma, vontade de fazer o mal por passatempo e brinquedo, apetite do dano alheio sem proveito algum e sem desejo de vingança! Só porque sentimos vergonha de não ser sem-vergonha quando ouvimos; “Vamos! Façamos!”.
CAPÍTULO X
Deus, o sumo bem Quem desatará este nó, tão enredado e emaranhado? Como é asqueroso! Não quero voltar para ele os olhos, não quero vê-lo. Só a ti quero, justiça e inocência, tão bela e graciosa aos olhos puros, e com insaciável saciedade. Só em ti se acha o descanso supremo e a vida imperturbável. Quem entra em ti, entra no gozo do seu Senhor, e não temerá, e estará perfeitamente bem no sumo bem. Eu me afastei de ti e andei errante, meu Deus, mui longe de teu esteio em minha adolescência, e cheguei a ser para mim mesmo uma região de esterilidade.

terça-feira, 14 de abril de 2015

'AS APARIÇÕES DA THEOTOKOS'': AS PROFECIAS...


''AS APARIÇÕES DA THEOTOKOS'':
AS PROFECIAS...

Hoje em dia, as profecias estão a cumprir-se. Aproxima-se cada vez mais o Final dos tempos:  A
PARUSIA, A SEGUNDA VINDA DE JESUS. Muitos podem até perguntar: - Porque o motivo de tantas
Aparições de MARIA SANTÍSSIMA? Porque se fala tanto em FINAL DOS TEMPOS? Porque tantas
PROFECIAS BIBLICAS? A resposta é simples, as Aparições de MARIA SANTÌSSIMA, as PROFECIAS BÍBLICAS, as PROFECIAS dos SANTOS, que tratam sobre o "Fim dos Tempos" e sobre a "Vinda do Anticristo", antes da vinda de NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, nos dão uma orientação precisa e ao mesmo tempo descrevem de forma extraordinária todos os sinais que estão acontecendo e
acontecerão, até chegarmos naqueles dias previstos. Mas, só que pela Vontade Divina, não revelam
o tempo exato, sejam o dia e a hora, em que estas coisas viriam a se realizar, ao passo que as
SAGRADAS ESCRITURAS, vários Santos e MARIA SANTÍSSIMA, através de místicos (videntes, os seus confidentes) confirmam que o tempo é realmente esse, e que a geração mencionada é a nossa.
CREIAM!!! HAVERÁ REALMENTE ESTA INTERVENÇÃO!!! Por outro lado, em Suas grandes intervenções, MARIA SANTÍSSIMA, a CELESTE PROFETIZA e ELA o é, tem descido ao longo de séculos e décadas, em todos os continentes, principalmente e especialmente aqui no Brasil, para auxiliar e preparar os seus filhos, que compõe o seu exercito ( cânticos cap. 6 vers 10 ), tendo a frente essa CELESTE COMANDANTE, que não mede palavras de amor, mas também traz palavras de duras advertências a humanidade, fazendo um último CHAMADO a conversão e volta a DEUS. MARIA SANTÍSSIMA, apesar do seu Coração Bondoso faz também duras advertências a Igreja de Seu DIVINO FILHO, pois muitos sacerdotes, bispos e cardeais que descuraram da vida de oração, pela sua falta de fé e criminosa conduta moral, têm sido grandemente culpados pela atual situação imoral do mundo. MARIA
SANTÍSSIMA, a MÃE do VERBO ENCARNADO afirma, que sobre esses maus religiosos, que estão a
frente da igreja pesa o desvio de muitas almas do caminho para Deus. E o mais trágico: vem
alertando através de Suas Mensagens dadas em muitos locais de suas Aparições, que a Igreja,
encontra-se minada pelas forças do mal ( a fumaça de satanás ), já infiltradas e estabelecidas na alta
hierarquia sacerdotal, inclusive no próprio VATICANO. Segundo as graves advertências de Maria
Santíssima, a Igreja Católica, por sua vez, está em vias de testemunhar seu supremo sacrifício, pois,
terá que ser purificada para voltar a ser Uma e Santa, tal como NOSSO SENHOR JESUS CRISTO a
fundou durante a Sua primeira vinda. Observando a humanidade atual, o que se pode esperar das
gerações futuras com o desenrolar dos acontecimentos pecaminosos que estão sendo instalados no
mundo pelo plano maléfico e ardilosos de satã com seus sequazes e a vinda do filho da perdição - o
anticristo. O cálice da IRA de DEUS já esta transbordando, então, esta chegando a hora de DEUS
intervir, tamanhas são as ofensas e ingratidões que tem recebido dos seres humanos. Crimes e
sacrilégios cometidos pelos homens, a todo instante sobem ao Céu, porque a humanidade ‘jaz’ no
comodismo, mergulhada no pecado, nas modas modernas, rebeldes e indecentes, na degradação de
seus próprios corpos ( Leia-se Levitico cap 18 e 19; 28 completos ), na apostasia, na corrupção, no ódio,
na rebeldia e desobediência a DEUS e Sua Santa Lei. Até mesmo a pessoas que se dizem cristãs
fazem parte desta maioria, deixando albergar dentro de seus corações o fatídico veneno da sedução,
que o demônio vem impetrando ao mundo , ou seja, corrompendo a humanidade, escravizando-a ,
para impor o jugo da sua condenação e arrastá-la junto com ele próprio para o tormento do fogo
eterno, onde só haverá sofrimento pranto e ranger de dentes, longe de DEUS, para se dizer mais
claramente, “ O INFERNO ”. CREIA, ELE EXISTE!!! O momento da humanidade é grave, até mesmo
religiosos que estão a frente da Igreja, pessoas que deveriam ter o devido discernimento na
condução do rebanho de DEUS, estão se apostatando da Fé verdadeira aderindo a costumes da
modernidade, estão nesta teia de apostasia que o inimigo vem tecendo ao longo dos séculos. A
APOSTASIA e o chamado esfriamento do amor estiveram presentes no milênio passado e cada vez
mais caracterizado neste novo milênio que já se iniciou a mais de uma década. Os ensinamentos
religiosos e morais, ensinados segundo DEUS e Sua Santa Lei, que eram uma tradição nas famílias e
foram passados de geração em geração por nossos antepassados, estão ruindo, porque essa
sociedade moderna começou a mudar seu comportamento, em plena rebelião contra DEUS passou e
diminuir sua fé, excluindo-O de diversos lugares, inclusive de suas vidas. Passou a considerar muitos
pecados como algo comum, pecados tais como: - ( violência, guerras, aborto, sexo livre,
promiscuidade, drogas, adesão a certas teologias, filosofias de vida, seitas, mutilação e horrores
estampados em seus próprios corpos ( leia-se Lev 19 – 8 ), sociedades secretas, tribos com novos
costumes e grupos extremistas, ocultismo, consagrações ao satanismo; afora uma infinidade de seitas
e costumes que aparecem diariamente, etc.), e ao mesmo tempo a Igreja Católica passou a diminuir, e
uma falsa paz em troca de uma sociedade de pecado é que passou a reinar. Ainda no campo
profético, podemos citar inúmeras profecias sejam elas de caráter extraordinário, nas Aparições e
manifestações de MARIA SANTÌSSIMA , PROFECIAS BÍBLICAS, e as Profecias dos Santos católicos.
Mas, comecemos pelas Profecias de SÃO NILO, no qual ele nos diz exatamente o que tem acontecido
nos últimos tempos e no qual se relaciona com a vinda do filho da perdição,  o anticristo.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Mensagem de Nossa Senhora acerca da importância do Rosário.


Esta mensagem de Nossa Senhora em maio de 2014, Nossa Senhora cita o comunismo como sendo um mal que devemos evitar. Desperta-nos para uma pergunta:  Maria Santíssima estaria contra o regime comunista?  Estaria de acordo com o outro regime,  o capitalista? 
De acordo com o nosso ensinamento católico,  qualquer regime pode escravizar o homem.  Devemos apenas lembrar que o evangelho nos ensina a partilhar,  a não acumular; o evangelho nos ensina a amar e fazer o bem. 
Maria nos alerta do comunismo ateísta,  onde se proíbe o cristianismo e o livre direito da prática religiosa. 
O cristianismo deve está acima de tudo;  acima de regime "A" ou "B". Não vamos endeusar o homem e nem um regime que se sobreponha ao cristianismo. Abaixo uma linda mensagem de Nossa Senhora: 
“Amados filhos Meus, Eu Sou a Senhora do Rosário, disse aos Meus Pastorinhos em Fátima na última Aparição que lhes fiz na Cova da Iria.
Sou a Senhora do Rosário, que volta hoje em tantos lugares do mundo e também Aqui, para vos dizer: Rezai o Rosário, porque o Meu Rosário é sinal certo de salvação. Com o Rosário vós podeis alcançar os maiores milagres da graça de Deus e mudar mesmo o curso dos
acontecimentos mundiais, internacionais, nacionais, familiares e particulares em todas as vossas vidas.
Não ofendais mais a Deus, disse Eu também aos Meus Pastorinhos na última Aparição que Eu fiz em Fátima.
Não ofendais mais a Deus com o pecado mortal, não ofendais mais a Deus com a luxúria, a impureza e a sensualidade.
Não ofendais mais a Deus com a blasfêmia, com a soberba e a rebelião contra os Seus Mandamentos.
Não ofendais mais a Deus, com a maldade, a violência, o comunismo e as guerras.
Não ofendais mais a Deus, combatendo e negando a verdade conhecida como tal.
Então, as vossas vidas se transformarão naquilo mesmo que foi a vida dos Meus Três Pastorinhos: um contínuo consolar de Deus, um contínuo consolar do Meu Coração Imaculado.
Meditai mais sobre tudo aquilo que Eu disse em Fátima, porque as Mensagens que ali dei são admiráveis, doces e maravilhosas para aqueles que as meditam.
Se com tantas Aparições Minhas são tão poucos os que rezam e os que se convertem, imaginai se Eu não vos viesse avisar e chamar à conversão com tantas e tão numerosas Aparições Minhas e com tantos sinais especialmente como faço Aqui...
Como os vossos corações são duros! Convertei-vos e voltai para o Senhor enquanto é tempo de Misericórdia.
A todos vos abençoo de Fátima, de Garabandal e de Jacareí.

terça-feira, 26 de março de 2013

APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA NO BRASIL E NO MUNDO INTEIRO

MENSAGEM DE NOSSA SENHORA EM JACAREÍ DIA 24/03/2013
(MARIA SANTÍSSIMA) “Amados filhos Meus, hoje, convido-vos a dardes o vosso sim ao Senhor, à imitação da vossa Mãe Celeste já na véspera da FESTA DA ANUNCIAÇÃO.

Dai o vosso sim ao Senhor como Eu mesma o dei vivendo cada dia numa completa e contínua correspondência ao Seu chamado de amor, oferecendo toda a vossa vida ao Senhor para que Ele realize em vós o Seu divino plano e desta forma a terra inteira possa transformar-se no reino do Seu Amor que Ele tanto deseja ver instaurado no meio dos homens.

Dai o vosso sim ao Senhor exatamente como Eu dei, amando-o sem limites, dando a Ele a vossa vontade, a vossa liberdade e o direito de dispor de vós como bem lhe aprouver, para que assim o Senhor não encontre resistência alguma no vosso coração ao cumprimento da Sua Vontade exatamente como não encontrou resistência alguma em Mim, para que então, o vosso coração tornando-se semelhante ao Meu dócil e obediente como o Meu possa também realizar com acerto a vontade do Senhor como Eu realizei e assim por meio de vós o Senhor manifeste neste vosso tempo a Sua presença, a Sua ação transformadora, exatamente como fez por meio de Mim e então todos os homens vejam o sinal da Sua presença no mundo através da vossa vida e glorifiquem o Pai Celeste com as Suas vidas voltando os seus corações para Ele. Dai o vosso sim ao Senhor exatamente com Eu fiz, entregando-vos ao Senhor com toda a vossa alma, toda a vossa vida e dando a Ele todos os vossos dons e talentos, para que tudo esteja ao Seu serviço e através de vós o Senhor possa fazer chegar a todas as almas dos Seus filhos até aos mais afastados Dele a Sua luz que dissipa todas as trevas, que liberta de todos os grilhões e que faz reviver mesmo aquelas almas que já estavam mortas pelo pecado. Então, vós sereis instrumentos eficazes e poderosos nas Mãos do Senhor como Eu mesma fui para atrair do Céu à Terra as graças de salvação, para que as almas finalmente possam reviver e o deserto deste mundo possa transformar-se num jardim verdejante de santidade.

Dai todo o vosso sim ao Senhor, porque enquanto não o derdes Deus não poderá realizar nada na vossa vida e vós Meus filhos sereis responsáveis não somente pela perdição da vossa própria alma, bem como também sereis responsáveis pela perdição de muitas milhares de almas que dependem do vosso sim para que sejam salvas.

Imitai os Santos dando o vosso sim sem limites ao Senhor, para que na vossa vida se faça também a vontade do Senhor como foi feita Neles. Lede a vida dos Santos, imitai os Seus exemplos, pois disso depende e muito a vossa santificação e a santificação do mundo inteiro. Continuai a rezar todas as orações que Eu vos dei Aqui, elas vos levarão a uma generosidade cada vez maior que vos fará dar o vosso sim completo e sem reservas ao Senhor. Aqui vou terminar aquilo que comecei com a Minha filhinha Mariana de Jesus nas Minhas Aparições em Quito, no Equador, estais vivendo os tempos que então eu profetizei a Ela, são os tempos do predomínio de Satanás, do pecado, da maldade entre os homens e de uma profunda rebelião contra Deus, contra a santa fé católica, contra Mim, contra os Mandamentos do Senhor.

Viveis num tempo pior que o de Sodoma e Gomorra e por isso o pecado recobriu tudo com uma grossa camada de lama que a todos submerge. A seita espalhou através dos meios de comunicação um relaxamento geral em tudo o que significa o serviço de Deus e de alto abaixo todos estão anguidos e contaminados pela doença da apostasia, uns mais, outros menos, mas todos tem necessidade de serem curados e foi por isso que Eu apareci à Minha filhinha Mariana de Jesus e realizei por meio Dela tantos e tantos prodígios, para chamar a vossa atenção para a necessidade urgente de uma conversão sincera completa e total de cada um de vós a Deus e passando por todas as Minhas Aparições até chegar à Minha última Aqui em Jacareí, não Me canso de dizer-vos: que o tempo está se esgotando, a Hora da justiça divina se aproxima e os sinais dessa aproximação já se realizam diante dos vossos olhos, é preciso que agora volteis os vossos corações de uma vez por todas para o Senhor e não percais mais tempo com coisas vãs. Rezai, somente por meio da Oração, somente por meio do Santo Rosário conseguireis a energia espiritual, a força de vontade necessária para dizerdes não definitivamente ao pecado e sim completo e sem reservas ao Senhor. Eu darei esta graça a todo aquele que Me pedir com o coração sincero.
A todos neste momento abençoo generosamente de QUITO, de LA SALETTE e de JACAREÍ.
A paz Meus filhos amados. A paz Marcos, o mais esforçado e dedicado dos Meus filhos.”

(Marcos): ‘Até breve, minha querida Mãe do Céu.

quinta-feira, 21 de março de 2013

IMPORTANTE MENSAGEM DE JESUS CRISTO! LÊEM-NA TODOS!


MENSAGEM DE JESUS AOS SACERDOTES - VIDENTE MARIA DA DIVINA MISERICORDIA
O GRANDE ALERTA
Domingo 17 de março de 2013 às 18:50 hrs.

Minha querida filha, esta é uma mensagem para todos os sacerdotes e os meus servos sagrados que deram suas vidas para meu serviço sagrado.
Meus amados servos, deveis obedecer às leis da Igreja e àqueles que devem mostrar obediência em meu santo nome.
Nunca desistam de vossos deveres para com a Igreja e continuem a servir-me como sempre. Por favor, gerir de forma eficiente todos os sacramentos, como antes, mas com diligência ainda maior. Cumpram, como sempre, seus deveres sagrados. Vosso dever é para com os filhos de Deus e vós deveis guiar vosso rebanho. Permanecei fieis aos meus ensinamentos em todos os momentos.
Não sois vós, meus servos preciosos que partis para a Minha Igreja sobre a terra. Dentro de minha Igreja ele vai fazer as suas leis, alterando para abraçar novas doutrinas.
Permanecei fiéis aos serviços de minha igreja e suportareis as suas funções até o dia terrível. Este é o dia que a minha Santa Missa será irreconhecível. Será então, que os inimigos de Deus, que se infiltraram na Minha Igreja sobre a terra, a distanciará de mim.
Apresentando a missa nova,  ficareis sem opções, porque não sabereis que já oferecem a Santa Eucaristia. Então, manifestarei minha Verdade, mas estareis ciente dos sinais antes desse tempo. Os sinais incluem novos modos estranhos, frases modificadas, Satanás não mais será relatado e os Sacramentos serão manipulados para incluir outras denominações. Eu fico numa situação desconfortável, mas deveis permanecer fiel a minha igreja.
É então que a existência de minha Igreja na terra será o vosso único meio de sobrevivência, se  permanecerdes fiel aos meus ensinamentos. Quando o meu ensino, Meus Sacramentos e a Santa Missa forem alterados, já não mais vos enganareis. Se aderirdes às minhas leis, então permanecereis em mim.
Outras igrejas cristãs, sabei que esta infestação também estender-se-á às suas igrejas. Com o tempo, será difícil  honrardes meus ensinamentos na forma como eles foram entregues ao mundo. Todos os cristãos sofrem sob o regime do falso profeta e seu comparsa, o Anticristo, cujo rosto em breve será transmitida para todo o mundo como o líder mais influente de todos os tempos.

Seu Jesus

quarta-feira, 20 de março de 2013

APARIÇÃO DE JESUS CRISTO: IMPORTANTE MENSAGEM DE JESUS CRISTO


 A importância de acompanharmos as mensagens e aparições de Jesus e Maria,  nesses últimos tempos,  é de nos prepararmos com as devidas recomendações dos céus,  visto que a humanidade caminha cega e desorientada em seus rumos,  escolhendo sempre o caminho do pecado, Deus quer nos advertir dos perigos pelos quais nossas almas passarão. Abaixo veremos uma linda mensagem de Jesus direcionada aos que crêem: 

NOVA MENSAGEM DE JESUS CRISTO
Sábado 16 março de 2013 às 15:25 hrs.
Minha querida filha, as marés desencadeadas pela destruição causada por muitas guerras dão início como previsto.
O tempo da chegada do falso profeta, vai coincidir com a declaração das guerras mundiais. Estas guerras serão acionadas imediatamente e o medo implicará nas escolhas dos homens. Guerras virão como tempestades no deserto, ganharão impulso e violará à paz, surpreendendo a todos como um ladrão de noite.
Tantos países estão envolvidos, que surpreenderá a todos. Logo, o anticristo se declarará no meio da carnificina. Medo, confusão e perda de colheitas irá agravar o problema. Não muito tempo depois, o terceiro selo será revelado quando o homem lutará por comida, porque a fome sobrevirá à humanidade. Fome de comida, fome de espírito, sem ajuda, a humanidade vai se apegar a qualquer coisa ou qualquer outra pessoa, que lhes dê uma trégua.
O palco foi montado para o anticristo chegar e declarar-se ao mundo. Por este tempo, a humanidade será socorrida pelo "homem da paz", que se oferecerá como esperança, aos que se tornarem seus escravos voluntários. Queda para o seu elaborado plano para reestruturar o mundo e unir as nações juntas. O plano, segundo eles, será para o bem de todos e para eliminar o terrorismo no mundo. Os inimigos, ele vai dizer que o controlará com o combate, usando muitas vítimas inocentes para enganar ao mundo.
Quando se conseguir a paz, ou o que parece ser uma trégua, virá o próximo passo, a unidade de todas as nações, todas as religiões, todos os países em um. Este é o lugar onde a conexão entre o falso profeta e o anticristo serão esclarecidas.
Aqueles que conhecerem a verdade, e cujos nomes estão no Livro da Vida, saberão que está acontecendo. Outros, cegos para a verdade dos meus ensinamentos, não terão tanta sorte. Então será uma questão de esperar. Minha paciência vai significar que eu vou lutar para salvar e proteger aqueles que não serão capazes de discernir a verdade.
Minha paciência e misericórdia vai levar para a grande intervenção divina para salvar todas as crianças de Deus, das garras da besta, cujo único objetivo é o de promover o pecado. Porque há uma coisa que você deve saber, por trás do charme sedutor do anticristo irá lançar o plano para promover o pecado, para que a humanidade finalmente tome a decisão de ficar do lado da besta em opodição a Deus. Quando esse tempo e depois de cada tentativa realizada por mim para salvar as almas, findará.
Apenas os eleitos levarei para o Meu Reino.
Seu Jesus


NOVA MENSAGEM
Minha agonia é sentida por todos os santos e anjos no céu, porque o tempo do Apocalipse é chegada
Sábado 16 março de 2013 às 00:40 hrs.
Minha querida filha, sei que sentis a raiva, o ódio e o medo àqueles que se recusam a aceitar o meu cálice de sofrimento, neste momento.
A fúria de Satanás contra essas mensagens, aumentará rapidamente e todos os esforços serão feitos para denunciar-vos, minha filha.
Deveis aceitar o sofrimento, entregando-vos à Minha Santa Vontade, que é a vossa própria vontade. Então, minha filha, permanecei em silêncio ante os gritos da besta e das pobres almas que ele usou para a atacar. Digo isso a todos os meus discípulos amados e fiéis que se mantenham firmes. Mantenham-se de cabeças erguidas em servidão humilde e ofereçam-me os seus sofrimentos àquelas almas que não aceitam o dom da verdade.
Os responsáveis pela infiltração à Minha Igreja na terra, escolheram o tempo da Quaresma, deliberadamente, para insultar, Vosso Jesus, que morreu em agonia para salvar vossas almas.
Infestados por esta ação, os que andam pelos corredores de Roma, verão o sinal do caos resultante da adesão à regra do impostor. Caos, desordem, divisão e conflito ver-se-ão por toda parte, em Roma. Este transtorno vem de Satanás, não de Deus.
A raiva vem do diabo e seu ódio é palpável quando minha luz é difundida entre os Filhos de Deus. Quando tais ataques de natureza cruel for infligido por outro, em meu nome, a minha presença causará uma reação.
Meus seguidores e Eu, Jesus Cristo, seremos o centro de tais abusos e por isso, quando não o suportarem, rezem esta pequena oração:
"Eu Vos compartilho esta dor, meu querido Jesus, e Vos peço abençoai  com Vosso Espírito meus inimigos e os que se encontram aflitos.Amém ".
Discórdia continuará e minha agonia será sentida por todos os santos e anjos no céu, porquanto o Apocalipse se aproxima.
Apeguem-se a mim, o Vosso Jesus, e coloquem toda a vossa confiança em mim em construir meu Remanescente exército, em preparação à batalha final para salvar as almas.
Seu Jesus

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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA NO BRASIL E NO MUNDO INTEIRO





JACAREÍ, 30 DE DEZEMBRO DE 2012
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA
         “-Meus queridos filhos, hoje, quando estais Aqui, fazendo o último Cenáculo deste ano de 2012 e agradecendo Comigo ao Senhor por todas as graças e benefícios que ao longo deste ano Ele vos deu, convido-vos novamente a agradecerdes ao Senhor pela maior graça que Ele vos deu Aqui que é a da Minha presença extraordinária, diária, contínua e especialíssima nas Minhas Aparições, através das quais vos conduzi ao longo dos anos e deste ano também pela estrada da Conversão, da volta ao Senhor, da purificação das vossas almas, do vosso aperfeiçoamento e santificação pessoal. Para que assim, verdadeiramente dos vossos corações e das vossas almas todas suba e chegue até Deus o mais perfeito hino de gratidão e de louvor que Ele deseja de vós, que suba para Ele também o vosso desejo sincero de mudardes de vida neste novo ano que começa, que a vossa conversão Meus filhos não se demore mais, que cada um comece por purificar a sua própria alma combatendo nelas os seus defeitos, seus vícios, más inclinações, maus hábitos. Para que assim vós dia após dia possais sempre mais melhorardes como pessoas, como cristãos, como filhos Meus, até vos tornardes completamente semelhantes a Mim, ao Meu filho Jesus, a São José e aos Anjos e Santos do Céu.
         Desejo que verdadeiramente nas vossas almas haja um grande amor, uma grande pureza, uma grande perfeição, por isso continuo dia após dia aparecendo Aqui para conduzir-vos pela estrada da perfeição. Enquanto a humanidade se entrega sempre no final do ano à dissipação, aos divertimentos e às coisas vãs vós deveis entregar-vos completamente ao Senhor e a Mim para que Eu realize nas vossas almas a transformação tão desejada por Deus e por Mim que vos lance verdadeiramente no caminho da santificação e nele vós possais avançar sempre mais com passo firme na direção do cumprimento da vontade do Altíssimo.
         Durante este ano estive convosco em todas as vossas provações, tribulações, dificuldades e sofrimentos, estive ao vosso lado em todos os momentos que parecia tudo perdido e que parecia que nenhuma esperança mais restava para vós. Estive ao vosso lado para ser um sinal de esperança, um sinal de amor, um sinal de que no final o Senhor triunfará e este mundo que já parece agora completamente dominado pelas trevas de Satanás e completamente perdido, este mundo será finalmente purificado, será completamente libertado do jugo de Satanás e as almas que agora estão em trevas verão a Minha grande luz e ao verem esta Minha grande luz conhecerão a verdade e terão todas enfim a oportunidade de escolherem a verdade.
         Por isso, não desanimeis Meus filhos... Rezai, Rezai, Rezai, porque no final o Meu Coração Imaculado triunfará. O Meu Coração Imaculado triunfará em vós, na vossa vida tanto quanto vós hoje Me responderdes sim e Me abrirdes a porta dos vossos corações com largueza.
         A todos vós, neste momento abençoo generosamente e digo-vos: Amo-vos! Amo-vos!Amo-vos! Continuarei aparecendo Aqui no próximo ano para vós, por vós, os Meus filhos que tanto amo para conduzir-vos seguramente pelo caminho da salvação até o Céu.
         A todos neste momento abençoo e especialmente a ti Marcos o mais dedicado e esforçado dos Meus filhos, de LOURDES, do Meu SANTUÁRIO DE GUADALUPE, de MONTICHIARI e de JACAREÍ.
         A Paz Meus filhos amados, ficai na Paz do Senhor.”

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Medjugorje – Mensagem de 25 de novembro de 2012


Queridos filhos! Neste tempo de graça, convido todos vocês a renovarem a oração. Abram-se à Santa Confissão, para que cada um de vocês possa aceitar o meu chamado com todo o coração. Eu estou com vocês e os protejo do abismo do pecado, e vocês devem abrir-se ao caminho da conversão e da santidade, para que seu coração possa arder de amor a Deus. Doem-Lhe seu tempo e Ele se doará a vocês, e assim, na vontade de Deus, vocês descobrirão o amor e a alegria de viver. Obrigada por terem respondido ao meu chamado.