sexta-feira, 13 de maio de 2011


O PODER E O FUNCIONALISMO DOENTIO

               
            Estou certo que a nova sociedade que almejamos ainda é sonho bem distante, partindo da concepção de mundo egocêntrico em que vivemos, onde os valores humanos se perdem, e os objetivos coletivos são deixados de lado, cada qual buscando realização própria sem levar em conta a pessoa do outro, partindo para o caminho da ganância e do poder. Esta é a estagnação da função ser na história, o indivíduo passando a exercer a função de busca incessante de melhor status, deixando a figura do outro como mero espectador, ao invés de colocá-lo também como personagem da história. A nova sociedade só será real quando o ser-eu trabalhar em função do ser-outro, trata-se de uma renúncia aos meus caprichos em direção aos interesses do próximo.
            A vergonha nacional hoje estampada nos jornais denota toda esta soma no individualismo no cenário político, cada qual defendendo seus próprios interesses para satisfação pessoal, brigas em torno de projetos a serem votados com urgência, ao invés de unirem-se em torno de soluções aos problemas que afligem nosso mundo atual, para tornar esta sociedade mais justa e fraterna, ou seja, governar para todos e não para si. Muitas famílias estão passando necessidade com salário de 545,00, quando o mínimo deveria ser 2.800,00, e os mesmos que decretam a falência do proletariado votam com muita facilidade o aumento de seus próprios salários, muitas famílias obrigam-se ao trabalho ostensivo, onde até crianças são obrigadas a trabalharem e a ajudarem os pais na renda familiar. Que vergonha em meios a tantos escândalos haja tempo para querermos ser mais e não aceitarmos essa condição de funcionalismo doentio.
            Infelizmente viemos numa sociedade de dimensão humana-individual, que, a medida que se distancia de Deus e de seus projetos, perde a  noção do verdadeiro para no dialético plano exemplar, baseado na filosofia do pensamento à sociedade que aspiramos –utopia- pois boas intenções não resolvem e não porão fim à fome, a miséria, ao analfabetismo, ao desemprego, etc. Cada político deveria ao chegar no plenário perguntar-se: por que cheguei aqui? (ad quid vinist?) para colocar na práxis aquilo que tem de bom dentro de si, para não deixar-se levar pelo caminho peculiar da  ganância, mas à consciência de seu papel na sociedade ao alcance do único objetivo: JUSTIÇA SOCIAL. A corrupção é a escuridão no fundo do túnel que precisa de luzes de novos pensamentos para que o funcionalismo volte a funcionar como deveria, o Estado em função da sociedade paralela e à moralização da política pública resultante das qualidades do próprio ser homem, visto que a sociedade já vive abatida e sofrida, sem esperança e perspectiva, esperançosa de que eles, os políticos, mostrem os caminhos que dará a práxis da liberdade emanada da mudança social. Cada corrupção ativa gera uma hipoteca social e difundirá os sinais do ante-reino do mundo baseado na voz daquele que deixou o verdadeiro exemplo a ser seguido no cristianismo.