segunda-feira, 21 de maio de 2012

MINHA ORIGEM ESPANHOLA

MINHA ORIGEM ESPANHOLA 

Eu,  Paulo Maia, vou contar a História de minhas origens, da minha bisavó materna (Albina Rodrigues),meus tios bisavós (Gumercindo Rodrigues e Benito Rodrigues), meus avós( Dolores Rodrigues e Oscar Ferreira Maia) e de meus pais (Albina Maia Oliveira e Hermes Herculano de Oliveira).
         Albina Rodrigues (bisavó) vivia com sua família na Espanha em uma cidade rural chamada Lorenzo - Lorenzo de El Escorial, município situado 45 km a Noroeste de Madrid, na Comunidade de Madrid (Espanha) - com seus 3 filhos (Gumercindo, Benito e Dolores-minha vó materna) e seu marido, quando esse por sua vez a abandonou deixando-a triste e abatida criando seus filhos sozinha.
         Aconteceu que neste período, seu filho mais velho Gumercindo com 17 anos decidiu vir com uma família muito rica para Belém do Pará deixando a sua mãe com muitas saudades e ao mesmo tempo um tanto quanto preocupada, mais enfim essa mulher corajosa ficou só com seus dois filhos e cuidando das plantações do sítio, e não aguentando mais de saudade de seu filho decide vir para Belém do Pará com seus dois filhos: Benito com 15 anos de idade e Dolores (minha avó) com 8 anos de idade, deixando tudo para traz na Espanha.
         Albina ao chegar em Belém alugou uma casa no bairro do Jurunas (próximo à Cidade Velha – Presídio São José)  foi quando  conheceu e ficou muito amiga de uma família de portugueses, e esta amizade era muito sincera a ponto de seus filhos chamarem a portuguesa (Julia) de vovó, pois ela era como se fosse avó do filhos de Albina, pois foram criados juntos com essa família de portugueses, criando assim um laço muito forte muito mais que uma simples amizade passando assim a ser uma família muito unida, pois uma ajudava a outra. Enfim, Albina criou seus filhos  com muito zelo e dedicação e unidos com essa família de português fizeram dessas duas famílias uma só.  Foi assim que seus filhos cresceram e tiveram seus destinos traçados pela vida.     
         Seu filho mais velho, Gumercindo, casou-se e teve dois filhos, um de seus filhos se chamava Raimundo que é o pai do ex prefeito e agora de novo prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues.  Certo dia Gumercindo foi comunicar-se com seu amigo espanhol por carta e o assunto era referente ao comunismo, e naquela época era proibido falar sobre esse assunto, e como as cartas eram todas abertas,  pois o regime nessa época era militar e as pessoas não tinham muitos direitos, com isso descobriram o que estava escrito naquela carta e prenderam os dois, pois desconfiaram que eles eram comunistas, ficando  ambos por um bom tempo na cadeia, seu amigo não aguentando os maus tratos que recebera acabou falecendo, já Gumercindo aguentou todas as hostilidades que um presídio tem, sua esposa sempre visitava-lhe, mas nunca deixavam-na entrar, e ela sempre sofreu muito com essa situação, até que um dia ela contraiu  tuberculose (doença muito complicada na época) e morreu. Inconformada com essa situação. Dolores,(minha avó) irmã de Gumercindo, foi falar com o governador Magalhães Barata e contou tudo o que havia acontecido com seu irmão, e esse por sua vez comoveu-se e mandou soltá-lo. Ao sair do presídio Gumercindo ficou sabendo do falecimento de sua esposa, sentiu no coração as dores da tortura mais forte que as impostas pela ditatura; ganhara a liberdade para sentir as dores da solidão; com isso teria que criar seus filhos sozinho, enfim foi uma vida de muitas lutas e sofrimentos, morrendo em 1977 aos 79 anos de bronquite, doença que havia adquirido nos tempos em que esteve preso na ditadura.
         Benito Rodrigues (meu outro tio avô) também não teve um destino bom em Belém, acontecendo uma tragédia que deixou essa família espanhola muito triste, cicatriz de grande sofrimento. Benito era um homem muito batalhador, tinha um quiosque no ver-o-peso (Feira do Açaí) onde vendia de tudo quanto era produtos alimentícios, era muito próspero, não tinha esposa, somente uma filha, sempre que saia do seu trabalho gostava de passear na rua Boulevard Castilho França, até que numa trágica noite em que ele estava passeando foi assaltado, os bandidos empurraram-no a deriva do rio somente para roubar a carteira de dinheiro, como ele não sabia nadar morreu,  seu corpo foi encontrado no dia seguinte nas proximidades da Estação das Docas hoje, morrendo muito jovem aos 32 anos de idade com toda a vida pela frente para viver.
         Albina Rodrigues (minha bisavó) morreu aos 54 anos quando passeava com o seu neto, filho de Gumercindo, vítima de uma queda onde chocou-se o tórax no trilho do trem, ficando muito doente e vomitando sangue, vindo alguns meses depois a falecer, sua filha Dolores (minha avó) tinha apenas 18 anos e teve que ir morar na casa da grande amiga de sua mãe  Julia a qual  consideravam-na como  família e a chamavam de Vó Julia.
         Dolores Rodrigues teve uma vida menos sofrida do que a de seus irmãos, ainda muito jovem foi trabalhar na fábrica de sabonete da Phebo para se sustentar, era uma moça dedicada e responsável, onde mais tarde viria conhecer o grande amor de sua vida Oscar Maia. Ele morava bem em frente a sua casa, o destino o levou para perto do homem de sua vida.
         Até que então Oscar com 22 anos de idade e Dolores com 25 anos se casaram na Basílica de Nazaré e tiveram 6 filhos -sendo que um (Oscazinho) morreu com um ano e seis meses- (Albina,(minha mãe) Marta, Lucia, Zuleide, Ana Maria e Armando).
         Oscar era um homem muito trabalhador e dedicado para dar o melhor para a sua família, trabalhando como eletricista pela parte da noite na Pará Elétrica (e que hoje se chama Celpa, é mais tarde Equatorial) e pela parte da manhã no ver-o-peso em uma banca de frutas, com isso só lhe restava a parte da tarde para descansar e ficar com sua família, mais apesar do pouco tempo que tinha sempre levava a sua família à missa na Basílica de Nazaré, pois era a mais próxima da sua residência já que moravam na rua das proximidades, era uma família muito religiosa, no Círio de Nazaré sua esposa Dolores (vó) sempre se dedicava a fazer o almoço com as comidas típicas do Círio, e quando voltava da procissão reunia a família na tradição do almoço do Círio para saborear as iguarias da dedicada Dolores.
         Era uma família muito unida e feliz. Oscar (meu avô) era um homem muito carinhoso, sempre escrevia poemas de amor e dedicava a sua esposa Dolores,  até que então veio a noticia da falência da Pará Elétrica, e por isso, Oscar ficara sem emprego, ele por um tempo ficou  sustentando a sua família só com a banca de frutas, até que então decidiu vender suas 3 casas em Belém e partiu com a família para Santarém onde seus pais moravam. Quando ali chegou comprou uma casa e montou uma loja, que durante um tempo deu certo, mas por motivo de não saber administrar bem, o comércio não deu certo. Oscar então começou a fazer trabalhos de eletricista e comprou um barco e pescava  junto com um amigo, com isso tornou-se um ótimo pescador, vendia os seus peixes no mercado de Santarém, com isso conseguiu criar os seus filhos, pois Oscar sempre foi um homem batalhador, esforçado e nunca deixou faltar nada pra sua família; seus filhos tiveram uma boa educação, estudaram nos melhores colégios como por exemplo  Santa Clara em Santarém, enfim a vida de Dolores e Oscar  sempre foi de muita luta, mas apesar disso, o amor que um sentia pelo outro nunca mudou nem os separou, a não ser com a morte de minha vó Dolores em 1988, e Oscar 6 meses depois veio a falecer em 1989.
        Uma de suas filhas Albina Maia Oliveira (minha mãe) era uma moça muito prendada e uma ótima filha para seus pais, era muito esforçada quando moça, fez magistério e foi trabalhar desde cedo com apenas 19 anos como professora do ensino fundamental no colégio de Belterra,  morando na casa da diretora do colégio, pois seus pais moravam em Santarém. Foi então que conheceu o seu grande amor Hermes Herculano de Oliveira (meu pai); namoraram durante 2 (dois) anos até que se casaram no civil em Belterra,  e no religioso em Alter-do-Chão, ele com 22 anos e ela com 21 anos e tiveram 14 filhos ( Paulo Cesar,Carlos, Aerton, Amilton, Nei Edson, Pedro Paulo, Marcelo, Marta, Regina, Sheila Mirian, Dolores, Ana Lucia, Vera, Ana Amélia).
         Nascido no estado da Paraíba, filho mais velho de Manuel Herculano e Maria Delia de Oliveira, Hermes teve dois irmãos: Pedro Herculano de Oliveira e Hermita Herculano de Oliveira; saíram de sua terra natal e foram morar com seus pais no Acre e depois em Belterra, sempre foi um rapaz muito esforçado e trabalhador quando jovem, trabalhou na COBAL, e depois foi transferido para o almoxarifado do Ministério da Agricultura, foi nessa mesma empresa que ele se aposentou aos 46 anos. Quando seus filhos já estavam grandes tiveram que se mudar para Santarém, pois  Belterra não oferecia ensino médio, e seus filhos precisariam continuar os estudos. Acabaram por ter que mudar-se com sua família para Santarém onde concluiriam os estudos. Albina e Hermes sempre foram pais dedicados aos seus filhos,  sempre dando o melhor pela educação dos mesmos, colocando-os nos melhores colégios de Santarém. Enfim era um casal muito dedicado e preocupado com família e foi nessa dedicação que criaram todos os seus filhos. Hermes, nascido em 13 de dezembro de 1930, partiu para a glória em 01 de setembro de 2018, deixando viúva minha mãe Albina, nascida em 29 de agosto de 1931. Ambos viveram felizes longos anos, unidos pelo Sacramento do Matrimônio e pela bênção do Senhor Jesus Cristo.    

História escrita por Mariceli Couto - esposa de minha vida.